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Direita global se consolida e organiza contra grandes blocos

Grupos obtiveram vitórias, mas agora têm o maior expoente, Donald Trump, sob ataque cerrado nos EUA

13 dez 2018 - 09h00
(atualizado às 10h46)
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A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) no Brasil representou uma ruptura política localmente, mas foi coerente com o contexto mundial. Em 2018, líderes de direita e extrema-direita consolidaram suas conquistas dos últimos anos e passaram a se organizar internacionalmente.

São figuras eleitas na onda antissistema, como Donald Trump (EUA) e Matteo Salvini (Itália), com retórica agressiva e que muitas vezes utilizam o medo ou a vontade de voltar a um passado glorioso para mobilizar seus seguidores.

Globalmente, o principal ponto comum é a oposição ao multilateralismo – ou “globalismo”, como gostam de chamar de maneira mais ampla.

Steve Bannon discursa em comício nos EUA
Steve Bannon discursa em comício nos EUA
Foto: Jonathan Bachman / Reuters

Grosso modo, compromissos internacionais firmados por vários países, como os acordos para diminuir emissões de gases ou mercados comuns com moeda unificada. Entidades como a ONU e o Mercosul estão frequentemente na mira desses operadores políticos.

No ano que termina, o americano Steve Bannon, resolveu agir para unir esses líderes, tendo como primeiro alvo a União Europeia. Trata-se de “O Movimento”. Tem no programa, por exemplo, controle mais rígido das fronteiras.

Presidente dos EUA, Donald Trump, fala com jornalistas na Casa Branca
Presidente dos EUA, Donald Trump, fala com jornalistas na Casa Branca
Foto: Jonathan Ernst / Reuters

Bannon já é experiente em promover o pensamento da direita conservadora e anti-imigração. Ele foi o estrategista de Donald Trump na eleição que levou o atual presidente dos EUA à Casa Branca.

O grupo teve uma excelente notícia vinda da Alemanha. A atual chanceler do país, Angela Merkel, disse que deixará a política. Mulher mais poderosa do mundo, ela é a principal voz favorável ao multilateralismo na Europa, e tem sido uma das lideranças mais flexíveis com imigrantes e refugiados.

A primeira-ministra alemã, Angela Merkel
A primeira-ministra alemã, Angela Merkel
Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters

O mandato termina apenas em 2021, mas a disputa pela presidência de seu partido, a União Democrata-Cristã, já começou. Quem ocupa o cargo atualmente é a própria Merkel. Dentro da legenda há correntes à direita da atual mandatária. 

Outro importante líder pró-multilateralismo, o presidente da França, Emmanuel Macron, tem sua posição enfraquecida. Além da perspectiva de perder a aliada, enfrenta protestos que balançam seu país.

Também neste ano, o maior símbolo do euroceticismo ganhou materialidade: a saída dos britânicos da União Europeia. O acordo sobre o Brexit foi aprovado, e deve ser efetivado em 29 de março do ano que vem. Há muitas críticas ao texto, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, está agindo sob pressão.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, em entrevista concedida em Londres
A primeira-ministra britânica, Theresa May, em entrevista concedida em Londres
Foto: Matt Dunham/Pool / Reuters

A nova expressão da direita obteve sucessos eleitorais em algumas regiões de importantes países europeus. Por exemplo, na Baviera, uma das principais da Alemanha, e na Andaluzia, mais populosa da Espanha.

Como o Brasil está entre os maiores países do mundo, a vitória de Bolsonaro não passou despercebida pelos demais líderes da direita global.

O ministro do Interior e vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, parabenizou pelo Twitter o presidente eleito. Trump falou com Bolsonaro por telefone.

Quando Bolsonaro ainda disputava o planalto, Steve Bannon declarou apoio a ele. “Ele é brilhante”, disse em entrevista o americano. Bannon e Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito, se encontraram mais de uma vez.

Apesar dos avanços, a nova direita mundial tem com quem preocupar. Donald Trump é o principal expoente do grupo, à frente do país mais poderoso. Ele, porém, está sob fogo cerrado em seu país, com o procurador Robert Mueller em seu encalço.

Trump é suspeito de ter tido ajuda do governo da Rússia para se eleger presidente dos Estados Unidos. Representantes de sua campanha, antes da eleição, se reuniram com russos. Há ex-integrantes da equipe do magnata colaborando com as investigações – um deles teria mentido às autoridades.

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Fonte: Redação Terra
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