| Covas: o tucano morreu em São Paulo
(Foto: AJB) | Nem um câncer em estágio terminal poderia calar a voz rouca e visceral de Mário Covas. O governador paulista, que morreu em 6 de março de 2001, estava com 70 anos e deixou dois filhos, quatro netos, a primeira-dama Lila Covas um dos currículos mais prestigiados da história política brasileira. A autenticidade de Covas angariava respeito de amigos e adversários. E só aumentou sua popularidade quando resolveu assumir a terrível doença em 1998. O país se rendeu em solidariedade e se emocionou ante cenas singelas de choro, seja do doente, seja da eterna companheira Lila.
Na política, o ex-governador marcou seus últimos anos por uma certa independência. No seu currículo, estava cravada a fama de progressista. Foi preso, cassado e anistiado, como manda o figurino esquerdista brasileiro. Colega de Fernando Henrique Cardoso, o tucano não titubeava em desenrolar críticas ao governo. Nem o câncer emudeceu a rouquidão e postura ética que consagraram seu perfil. O mandato de despedida do cenário político nacional foi arrancado no sufoco. Os 8.661.960 votos fizeram o governador escapar por pouco da derrota para a petista Marta Suplicy, hoje dona da cadeira da cidade mais poderosa e rica do país. Dois anos depois, o tucano retribuiu e votou na candidata à prefeita de São Paulo. Pudera, no outro lado da disputa, estava Paulo Maluf (PPB), inimigo de sempre.
Desafio era doce na boca de Covas. No primeiro ano de governo, o governador não se intimidou e enfrentou professores grevistas e levou ovos de estudantes. Tudo pessoalmente. No chão, misturado à multidão, nos bons tempos de movimentos como o das Diretas Já. Atitudes como essas fizeram muita gente pensar que há tucanos de plumagem decidida, que não gostam de muros pelo caminho. Só um câncer mesmo para interromper o vôo.
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