A incursão de um avião-espião norte-americano EP-3 no espaço aéreo chinês em 1º de abril causou indignação geral na China, que voltou a denunciar as tendências hegemônicas de Washington e seu papel de "polícia do mundo". O EP-3, com 24 tripulantes, foi detectado sobrevoando o Mar do Sul da China, em um episódio qualificado de "arrogante" e "insólito" por Pequim, que enviou dois aviões de combate para persuadi-lo a abandonar a zona e, em caso necessário, destrui-lo.
Segundo Pequim, quando os dois caças se aproximaram do EP-3, este chocou-se contra um dos aparelhos chineses, que caiu no mar, causando a morte do piloto, e realizou uma aterrissagem forçada em uma base militar da ilha chinesa de Hainan, próxima ao Vietnã. O EP-3 foi cercado imediatamente por tropas do exército chinês. Os 24 tripulantes foram detidos e, durante o período que durou a crise com os Estados Unidos, ameaçados de serem julgados como espiões.
Depois de 14 dias de tensas negociações, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, teve que engolir o orgulho e pedir com humildade a devolução do avião e dos tripulantes, quando no começo o havia feito em um tom autoritário. O chefe de Estado chinês, Jiang Zemin, que parecia disposto a gestionar o assunto com mão de ferro para não mostrar fraqueza a seu povo, "optou por ser magnânimo".
Os meios de comunicação da China fizeram uma campanha contra os Estados Unidos e utilizaram como símbolo da resistência o piloto do avião de combate chinês, Wang Wei, que morreu depois de colidir seu aparelho com o EP-3 de reconhecimento eletrônico. Wang Wei foi homenageado no Grande Palácio do Povo de Pequim.
Por fim, se conseguiu a liberação dos tripulantes norte-americanos e, depois de três meses, a do avião EP-3, avaliado em cerca de US$ 80 milhões. O EP-3 saiu desmontado em 3 de julho da base militar de Lingshui (Hainan), a bordo de um avião de carga, em direção ao arquipélago do Havaí. Segundo fontes americanas, o avião foi "estragado" pelos especialistas do exército chinês. Foi dito ainda que peças do aparelho desapareceram.
EFE Volta
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