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Coalizão contra o terror reforça hegemonia dos EUA
Os Estados Unidos reforçaram desde setembro seu papel de superpotência hegemônica ao lançar a "guerra contra o terrorismo" como prioridade número um e gerar com isso uma nova ordem internacional. A nova aliança dos Estados Unidos com o Paquistão, a instalação de bases militares norte-americanas em países da ex-União Soviética, a aproximação com o Irã e com a Síria e os efeitos disto nas relações com a Rússia e a China são conseqüências inesperadas ocorridas neste ano.

Embora a diplomacia norte-americana tenha produzido uma coalizão de mais de uma centena de países contra o terror, Washington é o pivô central com inesperadas alianças e casamentos de conveniência com países que até agora eram adversários. É o que o analista político russo Vyascheslav Nikonov chama de "multilateralismo unilateral" do presidente George W. Bush.

Esse unilateralismo se manifesta na participação quase solitária dos Estados Unidos na guerra no Afeganistão. O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, dirige a guerra com uma só voz até que seja destruída a rede terrorista Al-Qaeda no Afeganistão, e só então as forças de paz da ONU assumirão o controle. Com esse unilateralismo nas operações militares, o Pentágono quer evitar a todo custo o caos gerado durante os bombardeios de Kosovo, com 18 países opinando na seleção dos alvos.

O impacto dos atentados de setembro gerou tal apoio e simpatia que alguns países aproveitaram a conjuntura em benefício de seus próprios interesses. Este é o caso do conflito da Chechênia ou na menor atenção que já desde agora os Estados Unidos dedicam à defesa dos direitos humanos na China e outras nações. A mudança nas relações com o Paquistão foi radical, igualmente que com as repúblicas asiáticas do Uzbequistão ou do Tadjiquistão, que permitiram pela primeira vez que o Pentágono usasse seu território como base na guerra contra a Al Qaeda.

Embora os "falcões" do Pentágono não ocultem sua satisfação pela forma hegemônica e unilateral de atuar de Bush, o que alguns batizaram como uma "presidência imperial", outros conservadores advertem sobre os riscos futuros dessas alianças táticas. Os amigos de agora podem ser em ferozes adversários no futuro, e não há melhor exemplo do que o do próprio Osama Bin Laden, apoiado e protegido durante a guerra do Afeganistão contra a antiga União Soviética.

A incógnita é se determinados interesses estratégicos serão sacrificados em excesso em troca de objetivos de curto prazo, ou se Washington vai abandonar em breve suas relações privilegiadas com o Paquistão e outros países que agora colaboram contra o terrorismo. Também não está claro até onde irá a determinação dos Estados Unidos em perseguir o terrorismo. Uma vez destruída a Al-Qaeda no Afeganistão, os Estados Unidos estão decididos a seguir adiante e não se sabe muito bem até onde.

EFE

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