Os nepaleses terminam o ano ainda emocionados pelos assassinatos de dez membros de sua família real, incluindo o rei Birendra. Segundo a versão oficial, na noite do dia 1° de junho aquele que seria o futuro monarca, o príncipe herdeiro Dipendra, matou os membros de sua família disparando sobre eles de forma indiscriminada com armas automáticas. Os assassinatos aconteceram no palácio de Narayanhiti, no coração de Katmandú, e suas circunstâncias foram investigadas por uma comissão oficial, cujas conclusões não agradaram a todos.
Alguns setores da esquerda se negaram inclusive a participar da comissão por entender que o misterioso banho de sangue não foi mais do que um complô político orquestrado por interesses obscuros daquele que seria o novo monarca, o agora rei, Gyanendra Bir Bikram Shah Dev. Tais posições políticas não faziam nada mais do que expressar o estupor e a incredulidade que acometera a grande parte dos nepaleses. Todos os que conheciam o palácio, protegido por cinco mil soldados, duvidavam que uma só pessoa pudesse ter matado outras dez sem ser incomodada. O fato de o príncipe assassino ter morrido poucas horas depois do crime também não foi de grande valia para a sustentação desta tese.
As "duvidas" levantadas em torno das circunstâncias do massacre chegaram rapidamente às ruas. Manifestações convocadas pela esquerda acabaram em sangrentos enfrentamentos entre civis e as forças de segurança. Além disto o vácuo de poder, criado pela morte do monarca, foi aproveitado pela guerrilha maoísta que opera no país para intensificar uma ofensiva que, desde então, já causou mais de 500 mortos.
Cabe agora ao rei Gyanendra, um dos irmãos do rei assassinado e que assistiu desde a infância as múltiplas crises políticas de seu país, tentar acalmar a situação em seu país. Mesmo que não tenha poderes absolutos, o rei descrito como um homem de negócios inteligente e sofisticado terá que ajudar a conter os guerrilheiros e arrumar sua própria casa, ainda desorganizada pelo massacre. Além disto terá que resolver o problema de sua sucessão: seu único filho homem é um aficionado pela vida noturna e já foi acusado de matar três pessoas quando dirigia em alta velocidade.
EFE
Leia mais:
» Imagens: Massacre da família real Volta
|