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Saiba como é a Garganta do Diabo, local onde barco com 7 pessoas naufragou

O local é considerado perigoso por causa das fortes correntezas e ondulações no mar, que resultam em um grande número de afogamentos

1 out 2024 - 09h52
(atualizado às 10h58)
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Um barco com sete pessoas a bordo naufragou no último domingo (29) na entrada da Baía de São Vicente, litoral de São Paulo, enquanto atravessava a região conhecida como Garganta do Diabo. Conforme as autoridades, cinco pessoas foram resgatadas pelo Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar) e pela Marinha, mas duas ainda seguiam desaparecidas.

A Garganta do Diabo está posicionada entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová
A Garganta do Diabo está posicionada entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová
Foto: Japuí, funcionando como entrada para a Baía de São Vicente - Google Earth/Reprodução / Perfil Brasil

A Garganta do Diabo é considerada perigosa por causa das fortes correntezas e ondulações no mar, que resultam em um grande número de afogamentos. O local se caracteriza por ser uma espécie de fenda, um estreitamento na entrada da Baía de São Vicente que acaba contribuindo para uma maior agitação das marés neste espaço. A Garganta do Diabo sofre com a influência de correntezas que vêm do sul e que avançam sobre a baía com força, além de ondas elevadas que acabam sendo formadas pelo excesso de deposição de sedimentos nesta área.

Pedro Felipe Costa Pedroza Martins, 1º Tenente da Polícia Militar e porta-voz do GBMar, explicou à CNN que as partes rasas do local favorecem também o surgimento de ondas de alturas elevadas, que podem atingir uma altura de até 4 metros. No momento que os bombeiros receberam o chamado para atender a ocorrência, a altura das ondas era de 1,5 metro, afirma Martins. "É uma altura considerável e facilmente capaz de virar uma embarcação".

Perigos e riscos da Garganta do Diabo

O biólogo Fábio Sanches, pesquisador e pós-doutorando no Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha (LABECMar) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), esclarece à CNN que a região tem características específicas que favorecem mudanças nas formações de areia. Ele menciona a geomorfologia e a hidrodinâmica do local, marcado pela entrada do estuário, zona de transição entre o rio e o mar.

"Algumas áreas geralmente são mais rasas, onde tem mais deposição, e outras mais profundas", afirma Sanches, referindo-se à região da Garganta do Diabo.

Segundo o biólogo, a presença da Ilha Porchat influencia diretamente a formação de uma bancada de areia mais rasa nesse ponto. "No local onde é a Garganta (do Diabo), existe uma bancada de areia mais rasa, muito provavelmente por conta da presença da Ilha Porchat, que é importante neste sentido. Então, com a maré mais baixa, a bancada fica ainda mais rasa, e quando acontece uma ondulação de sul, as ondas costumam ficar maiores e quebrar com mais frequência", detalha.

Mais ao fundo da Baía de São Vicente, ele aponta a Porta do Sol, outro ponto conhecido pelas ondas. "A ideia é semelhante, com a presença de uma bancada mais rasa. Mas, neste caso, só muda um pouco a direção da ondulação, por ser mais abrigado", acrescenta Sanches.

Os riscos da região ajudam a explicar o nome peculiar do local, conforme destaca o Tenente Pedro Felipe Costa Pedroza Martins, do Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar). "O nome Garganta do Diabo se dá por conta dessas condições. A navegação é difícil e o acesso à Baía de São Vicente exige algumas peculiaridades. Não é uma navegação simples de ser feita", afirma o oficial.

Naufrágio de barco com sete pessoas

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 19h18 de domingo, em São Vicente, após uma embarcação de pequeno porte com sete ocupantes afundar entre a Ilha Porchat e a Praia de Paranapuã, área conhecida como a Garganta do Diabo.

Nas primeiras duas horas de operação, os bombeiros resgataram cinco pessoas. Elas receberam atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e quatro delas foram encaminhadas ao Pronto Socorro Central de São Vicente, onde receberam alta. A quinta vítima recusou atendimento médico.

Na manhã desta terça-feira (1º), o efetivo da Estação de Bombeiros Guarda Vidas de São Vicente retomou as buscas por duas mulheres que, segundo relatos dos sobreviventes, se separaram do grupo no momento do naufrágio. Ainda não há informações sobre o uso de coletes salva-vidas pelas desaparecidas.

A Marinha do Brasil (MB) informou que a Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) foi notificada sobre o acidente na noite de domingo e enviou uma equipe ao local para colaborar nas buscas junto com o Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo.

Um inquérito administrativo foi aberto para apurar as causas e responsabilidades do incidente. "Cabe ressaltar que não houve registro de poluição hídrica resultante do afundamento da embarcação", declarou a Marinha em nota. A ocorrência também será investigada pela Polícia Civil, que analisará as circunstâncias do acidente.

Perfil Brasil
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