Scholz diz que "não vai tolerar antissemitismo" na Alemanha
Na véspera do aniversário da ofensiva terrorista do Hamas em 7 de outubro, chanceler federal alemão reitera apelo por cessar-fogo em Gaza e diz que seu governo não vai aceitar "ódio cego contra Israel".O chanceler federal Olaf Scholz afirmou neste domingo (06/10) que a Alemanha "não vai tolerar antissemitismo e ódio cego a Israel". A fala foi divulgada na véspera do primeiro aniversário da ofensiva terrorista do grupo radical Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.200 pessoas no território israelense e o sequestro de cerca de 250
"Nunca vamos tolerar antissemitismo e o ódio cego a Israel. O povo judeu aqui na Alemanha tem a total solidariedade de nosso Estado", disse Scholz, em mensagem divulgada nas redes sociais.
Scholz também sublinhou que a Alemanha não vai tolerar que "os judeus sejam impedidos de sair de casa com um quipá" ou ainda para que os membros desta minoria se vejam impedidos de revelar a sua religião nos estabelecimentos de ensino.
"O povo judeu aqui na Alemanha tem a total solidariedade de nosso Estado, e a solidariedade de todas as pessoas decentes em nosso país", acrescentou Scholz.
Apelo por cessar-fogo
Scholz lamentou ainda que, na véspera do primeiro aniversário do ataque terrorista, a paz e a reconciliação pareçam mais distantes do que nunca no Oriente Médio e reiterou a necessidade de um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza, a fim de proteger os civis palestinos, libertar os reféns israelense e evitar uma nova escalada do conflito no Oriente Médio.
"O governo alemão insiste num cessar-fogo que deve ser implementado definitivamente para proteger a população civil na Faixa de Gaza, permitir a entrada de abastecimentos e também para que os reféns israelenses possam finalmente ser libertados", afirmou Scholz numa mensagem nas suas redes sociais.
Scholz também recordou que a Alemanha está em contato com os seus parceiros internacionais "para evitar uma nova escalada do conflito".
"O perigo de um conflito de grandes proporções na região mantém-se", acrescentou, antes de aludir às implicações da situação no Oriente Médio para a Alemanha, que acolhe populações migrantes com raízes em Israel, na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, no Líbano e de outros países da região.
Scholz afirmou que é normal que essas populações demonstrem as suas preocupações em manifestações, mas sublinhou que a Alemanha não vai tolerar que em seu território "os judeus tenham medo e sejam aterrorizados".
Manifestações rivais ocorreram em Berlim no sábado, antes do aniversário de um ano do ataque de 7 de outubro, com a polícia dizendo que não houve registro de incidentes significativos.
Cerca de 1.800 pessoas participaram de uma manifestação pró-palestina na capital alemã, enquanto cerca de 650 pessoas se reuniram em solidariedade a Israel, segundo a polícia de Berlim.
"Razão de Estado"
A mensagem de Scholz foi divulgada no mesmo dia em que a Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, descreveu o ataque terrorista de 7 de outubro como uma "ruptura" para os judeus e para a Alemanha, e repetiu o argumento de que Israel tem o direito de se defender, lembrando ainda os "mais de 100 reféns que continuam detidos por terroristas".
Baerbock também disse que estava envergonhada com episódios de ódio antissemita na Alemanha, incluindo o aumento de ataques a cidadãos judeus e registro de comemorações nas ruas alemãs quando o Irã disparou duas centenas de mísseis contra Israel.
Mais de 5.000 incidentes antissemitas foram registrados na Alemanha em 2023, metade deles após os ataques de 7 de outubro, de acordo com Felix Klein, o comissário do governo alemão para a luta contra o antissemitismo.
"Nós nos opomos a isso. Com toda a força da lei", enfatizou Baerbock. Dirigindo-se ao povo de Israel, ela disse: "Estamos com vocês".
A ministra das Relações Exteriores acrescentou que a segurança de Israel faz parte da "Razão de Estado" da Alemanha.
"Israel tem o direito à autodefesa. Contra a violência do Hamas, bem como contra o terror dos foguetes do Irã e do Hezbollah", acrescentou.
Desde 7 de outubro, quase 42 mil pessoas foram mortas por ataques do exército israelense na Faixa de Gaza, e 100 mil ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde do enclave palestino, que é ligado ao governo do Hamas.
No Líbano, asforças israelenses também têm intensificado ataques nas últimas semanas, com bombardeios quase constantes, incluindo ações em Beirute, causando a morte a cerca de duas mil pessoas, segundo o governo libanês.
Além, destas mortes, mais de 520 palestinos foram mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças israelenses ou em ataques de colonos.
O conflito também mergulhou Gaza numa "situação de fome catastrófica", segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
jps (Lusa, dpa)