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Scholz faz apelo à Alemanha por união em "tempos difíceis"

30 dez 2024 - 20h31
(atualizado em 31/12/2024 às 16h27)
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Com país abalado por crise política, economia cambaleante e atentado a mercado de Natal, chanceler federal diz que alemães têm o destino do país nas mãos e não devem permitir que a discórdia os divida.Navegando uma crise política e econômica, e ainda se recuperando do choque após o atentado a um mercado de Natal em Magdeburg que deixou cinco mortos e mais de 200 feridos a dois meses da eleição, a Alemanha ouviu do chanceler federal Olaf Scholz na noite deste sábado (31/12) um apelo para que se mantenha unida em "tempos difíceis".

"Não somos um país em que nos voltamos uns contra os outros, ou que não se importa com a nossa comunidade. Somos um país onde as pessoas se unem. E isso pode ser uma fonte de força", disse Olaf Scholz em mensagem televisionada de Ano Novo
"Não somos um país em que nos voltamos uns contra os outros, ou que não se importa com a nossa comunidade. Somos um país onde as pessoas se unem. E isso pode ser uma fonte de força", disse Olaf Scholz em mensagem televisionada de Ano Novo
Foto: DW / Deutsche Welle

"Não somos um país em que nos voltamos uns contra os outros, ou que não se importa com a nossa comunidade. Somos um país onde as pessoas se unem. E isso pode ser uma fonte de força - especialmente em momentos difíceis como esse. E os tempos andam difíceis, isso é algo que todos nós podemos sentir", afirmou em sua tradicional mensagem de Ano Novo transmitida em cadeia nacional, logo após lamentar o ataque em Magdeburg.

O chefe de governo alemão e líder social-democrata elogiou a reação dos agentes de segurança e saúde ao atentado, mas também destacou o engajamento de cidadãos comuns, como um comerciante que "passou a noite inteira fazendo chá para os feridos e socorristas". "Nós somos assim. A Alemanha é assim."

Após atentado em Magdeburg, Parlamento pede explicações

A mensagem de Scholz foi encaminhada a jornalistas horas após o alto escalão de segurança do país, incluindo a ministra do Interior e correligionária Nancy Faeser, ser interrogado pelo Parlamento sobre eventuais falhas que permitiram que o ataque ocorresse.

O autor do atentado é um psiquiatra saudita de 50 anos que vive na Alemanha desde 2006. Ele invadiu o mercado de Natal em Madgdeburg com um carro, atropelando a multidão. Nas redes sociais, o caso foi rapidamente tratado como um ataque de motivação islamista e prova de que o país perdeu o controle sobre a imigração

Sem dizer a quais rumores se referia, Scholz alertou que "essas coisas nos dividem e nos enfraquecem". "Isso não é bom para o nosso país."

Ele também destacou o papel que os estrangeiros desempenham na força de trabalho alemã. "Muitas pessoas de outros países trabalham aqui conosco e há muito tempo são parte da história de sucesso da Alemanha. Então, não vamos permitir que ninguém nos desuna."

"Obviamente, onde as autoridades de segurança deixaram de tomar medidas de precaução apropriadas, isso será investigado e remediado", assegurou.

Recado a Musk

Em seu discurso, Scholz também alfinetou o bilionário americano Elon Musk, dono da rede social X, que após apoiar a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos passou a fazer campanha para a sigla de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Scholz citou a queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã como evidências de que quem decide o destino da Alemanha são seus cidadãos, e não os "donos de redes sociais". "Se alguém sabe por experiência própria que a união pode mudar as coisas para melhor, que pode até derrubar muros, esse alguém somos nós. Nós, aqui, na Alemanha!"

O social-democrata também criticou a divulgação de opiniões extremas como tática para conquistar atenção e mobilizar eleitores. "Não vai ser a pessoa que grita mais alto que vai decidir o rumo da Alemanha, e sim a vasta maioria de pessoas razoáveis."

O país elege um novo Parlamento em 23 de fevereiro. A votação, que antes só estava prevista para o final de setembro, foi antecipada após o colapso da coalizão tripartidária de governo.

"Tempos difíceis"

Ao admitir que a Alemanha vive "tempos difíceis", Scholz citou o aumento no custo de vida e a "brutal guerra de agressão russa contra a Ucrânia", que segundo ele tem deixado os alemães cada vez mais ansiosos.

Ao mesmo tempo, ponderou que o país segue sendo a terceira maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, apesar de sua população relativamente pequena (84 milhões) na comparação internacional, e argumentou novamente que a Alemanha deve responder aos desafios com união.

Scholz também prometeu que a Alemanha "não deixará a Ucrânia na mão" e, ao mesmo tempo, cuidará para que o conflito não se espalhe.

O alemão encorajou a população a votar e disse que 2025 pode ser um ano bom se as pessoas se tratarem com respeito, confiarem e estenderem a mão umas às outras. "Nosso destino está nas nossas mãos. Podemos fazer de 2025 um bom ano."

ra (DW, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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