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Seca suspende transporte de grãos no rio Madeira e afeta Tapajós; eleva custos na exportação

25 set 2024 - 15h32
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A seca que atinge rios da região Norte do Brasil paralisou o transporte de grãos pelo Madeira, importante corredor hidroviário para escoar produtos do oeste do Mato Grosso e Rondônia até os terminais de exportação do Amazonas, informou nesta quarta-feira a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport).

A Amport afirmou ainda, à Reuters, que o transporte de grãos em barcaças pelo Rio Tapajós registra uma redução dos volumes de cerca de 40% atualmente. Essa hidrovia liga um terminal fluvial de Itaituba (PA), que capta cargas de Mato Grosso e das proximidades, até os portos de exportação do corredor do Amazonas.

A situação, que eleva custos do setor exportador obrigado a desviar cargas para o Sul/Sudeste, demonstra um agravamento da seca e mesmo uma antecipação dos problemas de navegabilidade registrados no ano passado.

Os rios da região, que vêm ganhando importância nos embarques do maior exportador de soja do mundo, também tiveram redução do nível das águas em 2023, mas com maior força a partir de setembro, e não desde agosto como em 2024.

O problema só não é maior porque o Brasil já exportou a maior parte dos grãos que prevê para 2024, ano que também contou com menor volume de soja e milho devido à quebra de safra.

"A navegação de grãos no Madeira está parada no momento em função das profundidades dos pontos críticos do rio estarem por volta de 2 metros, inviabilizando comercialmente a navegação", disse à Reuters o presidente da Amport, Flávio Acatauassú.

Os portos do chamado Arco Norte, que incluem Barcarena (PA), Itaqui (MA), Santarém (PA) e Itacoatiara (AM), entre outros, responderam por 33,8% das exportações de soja do Brasil em 2023 e por 42,5% dos embarques totais de milho brasileiro no ano passado, segundo dados do Anuário Agrologístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A navegabilidade piorou em relação à semana passada. Segundo informações da Amport, o transporte de grãos ainda ocorria no Madeira, com 50% de redução, enquanto no Tapajós a diminuição das cargas era de 30%, de acordo com a associação, que tem entre suas associadas empresas como a Cargill e Hidrovias do Brasil.

Entre outros produtos transportados pelas hidrovias no Norte de interesse do agronegócio estão os fertilizantes, estes em sua maioria importados pelo Brasil.

A Cargill, assim como o conglomerado brasileiro Amaggi, tem terminais de transbordo no Madeira, em Porto Velho (RO). Procuradas sobre a paralisação da navegação, as empresas não comentaram o assunto imediatamente.

A menor capacidade de escoamento de grãos pelos portos do Norte tem tido impacto nos custos das empresas exportadoras, já que a exportação de produtos da região central do país por lá é mais barata do que a rota pelo Sul/Sudeste, afirmou nesta quarta-feira a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

De acordo com a entidade que representa as principais tradings exportadoras do país, incluindo as multinacionais, o setor estava atento para a situação e não deve haver redução nos volumes globais previstos para os embarques do Brasil.

"Não deve haver perda nas exportações de grãos por conta da seca no Norte, pois as traders trabalham com um nível de precaução muito acentuado", disse o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, à Reuters, nesta quarta-feira.

O Brasil deve fechar setembro exportando a maior parte dos volumes de grãos planejados para 2024, ano que deverá ver uma queda ante o recorde do ano passado por conta das menores safras. No caso da soja, a exportação já soma quase 90 milhões de toneladas, de um total de 99 milhões de toneladas projetadas pela Anec para este ano.

No caso do milho do Brasil, um dos maiores exportadores globais do cereal, os embarques no acumulado do ano até o final deste mês devem somar 23,4 milhões de toneladas, versus uma estimativa de 41 milhões de toneladas para 2024, segundo a Anec.

Mendes disse que devido ao baixo nível dos rios do Norte o setor tem redirecionado as cargas para portos do Sul e Sudeste. Mas admitiu que isso tem um custo.

"Tomando como exemplo uma carga que sairia de Sorriso (MT) pelo porto de Barcarena e teve a necessidade de ser remanejada para o porto de Santos, essa carga teria um perda de 21 dólares por tonelada", explicou.

EXPECTATIVA DE MELHORA

"Nosso sentimento com o 'La Niña' em 2024 é que houve uma antecipação da baixa dos rios para agosto/setembro, o que só aconteceu ano passado em setembro/outubro. Da mesma forma, a retomada das chuvas poderá ser antecipada", disse Acatauassú, da Amport.

Questionado se o setor trabalha com a expectativa de que a situação melhore mais cedo este ano, eventualmente com o retorno das chuvas, em cenário de La Niña, ele concordou.

O fenômeno climático, que está se formando em 2024, geralmente traz mais chuvas para as regiões ao norte do país.

A Hidrovias do Brasil, que no Pará concentra-se na rota Itaituba/Barcarena, pelos rios Tapajós e Amazonas, afirmou à Reuters anteriormente que seguia operando em "condições compatíveis a sazonalidade histórica da região, contudo com tendência de piora nos pontos críticos".

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