Secretário de Bolsonaro também é atingido pelo fim do DPVAT
Dono da Localiza Hertz, Salim Mattar é amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes, e próximo ao Planalto
Ao assinar a Medida Provisória que extingue, a partir de janeiro de 2020, os seguros obrigatórios DPVAT e DPEM, o presidente Jair Bolsonaro atingiu não apenas Luciano Bivar, presidente do PSL, mas também a empresa de outro personagem com uma relação mais estreita com o Palácio do Planalto. Trata-se de José Salim Mattar Júnior, amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes, e que foi convidado pelo próprio ministro para comandar a Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados da pasta.
Salim é dono da Pottencial Seguradora, que compõe, junto com o negócio de Bivar e mais de 70 de empresas, o capital social da Líder Administradora. A Líder detém o direito de exclusividade para operar o DPVAT no Brasil. Segundo o governo federal, o valor total contabilizado no consórcio do DPVAT (ou seja, por todas essas empresas que formam a Líder) é de cerca de R$ 8.9 bilhões.
Conforme revelou o Estado nesta terça, 12, Bivar é o controlador e presidente do conselho de administração da seguradora Excelsior, uma das credenciadas pelo governo para cobertura do seguro DPVAT.
A Pottencial declara ter, na Receita Federal, um capital de R$ 98 milhões. O ramo de atuação da seguradora de Salim, no entanto, vai além do setor de seguro social (DPVAT), expandindo para a área de seguro de Máquinas e Equipamentos e Riscos de Engenharia. Salim também é dono da Localiza Hertz, uma gigante do setor de locação de veículos no Brasil.
Desde que passou a integrar o governo, Mattar faz questão de reconhecer sua amizade com Paulo Guedes, que tem mais de três décadas. O ministro já integrou, por três anos, o conselho de administração de uma das empresas do hoje secretário. Assim que assumiu o ministério da Economia, foi a vez de Guedes retribuir, convidando Salim para integrar o alto escalão do governo em Brasília.
Procurada, a assessoria do secretário informou que Mattar deixou a administração de todos os seus negócios em dezembro, quando aceitou o convite para assumir o cargo. "A Secretaria comandada por ele tem como objetivo as privatizações de empresas estatais e a venda dos imóveis da União. O referido assunto não é de sua competência, portanto, ele não foi consultado", diz a nota.
Sobre a Medida Provisória que acaba com o DPVAT, o Palácio do Planalto divulgou uma nota informando que a proposta não desampara cidadãos no caso de acidentes, "já que, quanto às despesas médicas, há atendimento gratuito e universal na rede pública, por meio do SUS".