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'Senti que eu ia morrer': mulher pisoteada em ação de marketing no metrô de SP fala sobre o incidente

4 dez 2024 - 19h31
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Na última sexta-feira (29), a Netflix disponibilizou a série original 'Senna' na plataforma. Com um orçamento de pelo menos R$250 milhões, foi o maior investimento do streaming no Brasil. Parte dos recursos foi utilizado em uma ação de marketing na área de baldeação entre a Linha Verde e a Linha Amarela do Metrô de São Paulo. A ativação foi caracterizada por banners nas paredes, uma luz vermelha piscante e um sistema de som integrado que simulava os carros de Fórmula 1 periodicamente.

Crédtios: Reprodução
Crédtios: Reprodução
Foto: Perfil Brasil

Entretanto, o aspecto sensorial e a quantidade de passageiros num local limitado não foi uma combinação. Uma confusão na última quarta-feira (27) resultou em um tumulo e na queda de várias pessoas. Uma delas foi a jornalista Carolina Costa.

O que aconteceu?

Na quarta-feira da semana passada (27), Carolina estava na baldeação da Linha Verde para a Linha Amarela, fazendo o trajeto rumo ao seu trabalho. "Passei ali e achei o barulho mais alto que todos os outros dias desde de o campanha. Nesse trajeto ouvi algumas pessoas se assustando", conta. Quando ela desceu das escadas rolantes, escutou um barulho forte e alguém gritando para as pessoas correrem. Os seguranças até gritaram para tentar conter o fluxo dos passageiros, mas sem sucesso.

"Eu pensei em não correr e tentei me encostar numa parede. Só que, por ela ser oval, não consegui. Nessa, caiu um homem em cima de mim e logo eu caí também. Na sequência, eu senti que pisaram na minha perna, mas não consegui mais abrir os olhos porque a cena que eu estava vendo do chão era de gente correndo e desespero. Tive uma crise de choro, de pânico. Eu não via a possibilidade daquilo sair bem. Imaginava que eu sairia muito machucada, ou não sairia viva dali".

A jornalista relata com exclusividade à Perfil Brasil que tentou usar sua mochila para proteger o rosto e o tórax, e, com isso, o objeto quebrou. Carolina também lembra de uma moça que segurou sua mão, seus pertences, e a ajudou a se acalmar. Depois, um grupo de pessoas, em sua maioria mulheres, se juntaram para consolar a jovem.

Logo depois do incidente no metrô

Ainda no metrô, Carolina encontrou com uma colega de trabalho que estava fazendo o mesmo trajeto. Ver um rosto conhecido lhe ajudou a, nas suas palavras "sair do transe". Em seguida, um segurança levou as duas para a sala de atendimento. A jornalista havia pedido cadeira de rodas, mas não tinha mais nenhuma disponível.

Na sala, encontraram mais duas mulheres. De acordo com Carolina, uma havia machucado o joelho, e a outra estava com o pulso quebrado. A equipe do metrô ofereceu encaminhamento para o Hospital Santa Casa, mas ela recusou porque não sentia nenhum sintoma físico naquele momento. "Eu estava pior psicologicamente, então não queria ocupar um espaço na ambulância sabendo que tinha gente mais machucada", explica

Depois que se acalmou, pediu um carro de aplicativo para voltar à sua casa. Posteriormente, passou no pronto-socorro do seu plano de saúde. Fez um raio-X, que não demonstrou nenhum machucado, e tomou uma injeção para a dor que sentia no corpo. "Atualmente só estou com hematomas roxos no braço e na perna".  O que ficou, além disso, foi a sensação de medo, angústia e alívio.

Recuperação

Para Carolina, a recuperação está sendo mais psicológica do que física. "Foi a primeira vez que eu corri um risco real", relata. A jornalista ficou com dois dias de atestado e, quando retornou ao trabalho, evitou pegar o metrô.

Nas vezes em que usou o transporte coletivo, não o fez sozinha. Além disso, precisou fazer pausas para respirar enquanto completava o trajeto.

O vídeo que viralizou

O caso repercutiu depois que Carolina recorreu às redes sociais para fazer um alerta a outros passageiros. O conteúdo postado no seu perfil (@eucarocarolina), que se aproxima das 500 mil visualizações no TikTok, traz uma denúncia da forma que a ativação trabalhou os sentidos a partir de uma perspectiva da psicologia das cores.

Muitas pessoas não assistiram o vídeo até o final, e deixaram comentários maldosos na postagem. "Se a pessoa não acredita em doença mental, ela não vai conseguir entender o que eu falei no vídeo. Não é só no setembro amarelo que a gente tem que falar sobre saúde mental".

Um dos internautas escreveu que 'ela deveria ter sido mais pisoteada'. Para se preservar, a jornalista parou de ler os comentários que recebeu. "Depois que eu vi isso, fiquei desacreditada ainda mais da humanidade. São comentários que o TikTok reconhece como ruins e pede para eu moderar. Para eu não ser afetada duplamente, eu resolvi não ler mais".

Ainda assim, a jovem sente que seu dever foi cumprido. "O meu objetivo foi alcançado. Só mostra o quanto eles assumiram que existia um risco, e que, quando a gente tem razão, a gente não dá o braço a torcer. Eu também gostaria de um pedido de desculpas, porque é isso que você espera de duas empresas que você consome".

De acordo com Carolina, nem a Netflix nem a ViaQuatro, empresa responsável pelo Metrô, entraram em contato com ela.

O que diz o metrô?

Depois do ocorrido, o Metrô desativou o aspecto sensorial da peça de marketing. Em nota enviada à Perfil Brasil, a companhia explicou o ocorrido da seguinte forma:

"Na manhã desta quarta-feira (27) um casal de idosos caiu na esteira de transferência que liga a Linha 4-Amarela à Linha 2-Verde. Um outro passageiro que vinha logo atrás gritou tiro e gerou um princípio de tumulto. O casal foi atendido por funcionários da ViaQuatro. A esteira rolante funcionou normalmente atendendo normalmente aos passageiros"

Perfil Brasil
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