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Série 'Pistol' conta a história de Steve Jones. Com um toque de showbiz

Produção dirigida por Danny Boyle é inspirada no livro do guitarrista do Sex Pistols

1 jun 2022 - 20h10
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Para Steve Jones, sempre foi melhor ser direto. O guitarrista do Sex Pistols é conhecido por rejeitar o que ele descreve como extravagantes "acordes dos Beatles" em favor de um som sem frescuras, e réplicas bêbadas no horário nobre da televisão britânica.

Essa abordagem está em evidência em seu livro de 2016, Lonely Boy: Tales from a Sex Pistol. Na introdução, ele escreve: "Eu não vou sair desse cheiro de rosas", antes de detalhar a cleptomania desenfreada de sua adolescência e seus vícios em sexo. Há também detalhes do abuso sexual por seu padrasto, sua queda no vício após o colapso da banda e o quase analfabetismo que o prejudicou até sua vida adulta.

O livro é a base para Pistol, uma série de seis episódios dirigida por Danny Boyle e que chegou ao FX/Hulu na terça-feira e deve estrear aqui no Brasil no Star+, ainda sem data definida. A série é estrelada por Toby Wallace como Jones e Anson Boon como o vocalista dos Sex Pistols, John Lydon, conhecido como Johnny Rotten.

Na série, há muitas tensões entre o excepcional e o comum, e a licença poética muitas vezes supera a fidelidade à experiência de Jones. Os preparativos também foram tensos, com Lydon perdendo um processo para o resto da banda sobre o uso da música do Pistols na série.

Em uma recente entrevista por telefone, Jones discutiu o que faria se encontrasse Lydon, como sua história mudou para se adequar a um formato televisivo e o impacto do empresário da banda, Malcolm McLaren. Estes são trechos editados da conversa.

O que o motivou a escrever o livro de memórias?

Havia um monte de coisas que eu queria falar, até mesmo as coisas perigosas. Foi estranho no começo, mas recebi muito feedback - de homens, jovens, que experimentaram muitos traumas semelhantes quando crianças. Eu não sabia que esse tipo de coisa acontece muito. A maioria dos caras não conta a ninguém, eles levam para o túmulo, e é muito nocivo fazer isso. Você não pode carregar essas coisas com você, você tem que seguir em frente.

No livro, você diz que não se importou em ser o segundo instrumento de Lydon, mas quando Sid Vicious se juntou aos Pistols, você ficou no terceiro instrumento. Como é ser agora a voz dominante em "Pistol?"

Está tudo bem. Eu sou um jogador de equipe, eu realmente não gosto de ser o centro das atenções. Prefiro tocar guitarra do que cantar, sempre fui assim. Eu realmente não gosto de todos os holofotes nesta fase do jogo, aos 66 anos. Mas é o que é.

Mas certamente isso foi considerado quando Danny Boyle se aproximou de você, que você seria colocado no centro das atenções?

Bem, claro. Mas Boyle gostou de usar meu ponto de vista. Ele disse que eu era como a sala de máquinas dos Sex Pistols, e que gostava desse ângulo, ao contrário do ângulo óbvio.

Através dos olhos de Lydon?

Exatamente. Normalmente é assim que acontece. Tive a chance de contar minha história, baseada no meu livro. Mas você tem que lembrar, não é um documentário. É uma série de seis episódios.

'Lonely Boy' é uma narrativa bem franca que pede pouco perdão. Quão bem você acha que isso aparece em 'Pistol'?

Como eu disse, é baseado no meu livro. Você tem que fazer um pouco de showbiz, você tem que torná-lo interessante - até mesmo o relacionamento com Chrissie Hynde, o "interesse amoroso". Ela assistiu outro dia e ficou surpresa: Ela disse: "Eu não sabia que era tanto assim".

'Pistol' apresenta isso como um relacionamento recorrente. Foi exatamente assim que aconteceu?

Eu conhecia Chrissie, nós saíamos um pouco no começo, ela queria ser musicista, e eu meio que a ignorei, então isso é tudo verdade. Mas ela ficou chocada quando viu na semana passada.

Mas acho que é uma boa história. Mesmo que meu relacionamento com ela não tenha sido tão longo, acho que a maneira como foi escrito o torna interessante. Se você é um observador atento, vai odiar, porque não está na linha do tempo, mas tanto faz.

Outra narrativa inesperada é a forma como Malcolm McLaren (interpretado por Thomas Brodie-Sangster) e Vivienne Westwood (Talulah Riley) são apresentados como figuras paternas. Como era a sua relação com os dois?

Eles tinham um apartamento em Clapham, e eu costumava ficar lá. Eles tinham Ben e Joe [filhos de Westwood], mas Ben não ficava lá muito tempo, então eu dormia em um dos beliches com Joe. Eu costumava sair com eles, no Cranks, o restaurante vegetariano em Carnaby Street. Eu costumava levar Malcolm até os alfaiates no East End porque ele não sabia dirigir.

[Conhecê-los] foi um verdadeiro ponto de virada para mim, e é aí que está minha lealdade. Malcolm me mostrou um lado diferente da vida - toda aquela vanguarda, a alta classe de Chelsea. E eu adorei. Eu não estava caminhando bem, então sou sempre grato a ele e a Viv por isso. Mesmo que você não pudesse confiar nele, eu não me importava.

No início da relação de vocês, McLaren o ajudou a evitar uma sentença de prisão. Pagar essa dívida parece justificar muitas de suas ações em "Pistol". Isso pesou muito na relação?

Isso foi apenas uma parte. Na verdade, eu gostava de sair com ele. Uma hora ele falava como um almofadinha, e outra como um policial. Com toda a honestidade, ele realmente fez tudo acontecer e não recebe crédito suficiente por isso. Eu não acho que teria acontecido sem ele.

Você se incomodou por Lydon não se envolver em 'Pistol'?

Queríamos que ele estivesse envolvido. Teria sido bom se ele estivesse a bordo. Se o sapato estivesse em outro pé, todos ficaríamos entusiasmados, se fosse o livro dele e Danny Boyle quisesse fazer algo semelhante. Nesta fase do jogo, somos homens crescidos, não sei por que ele não está interessado. Mas faz parte de sua personalidade ele não querer se envolver. Talvez ele assista secretamente e dê uma gargalhada.

As consequências de 'Pistol' são a gota d'água em seu relacionamento com Lydon?

Não sei, não pensei nisso. Não é como se nós saíssemos juntos de qualquer maneira. Eu moro em LA, ele mora em LA, estou aqui há 35 anos, e ele veio logo depois de mim, e nunca nos interessamos em sair juntos. A última vez que o vi foi em 2008, quando fizemos muitos shows na Europa. Não precisamos sair juntos, estou bem com isso, não precisamos ser amigos. Mas eu tenho muito respeito por ele.

O que você faria se o encontrasse fazendo compras?

Eu provavelmente correria e me esconderia atrás dos feijões cozidos.

Boyle disse que 'Pistol' imagina "invadir o mundo de 'The Crown' e 'Downton Abbey' com seus amigos e gritar suas músicas e sua fúria em cima de tudo o que eles representam". Quando você percebeu que tinha o poder de agitar as coisas?

A coisa do Grundy [uma entrevista notória do Sex Pistols feita por Bill Grundy na TV britânica em 1976] levou isso a uma outra esfera. O poder veio de ter um rótulo e do que fizeram com ele. Estávamos fazendo o que queríamos, o que era inédito na época. A coisa do Grundy foi o começo do fim. No que diz respeito a fazer mais música, o lado criativo ficou de fora. Do meu ponto de vista, virou a brigada de jaquetas de couro em todos os lugares. Tornou-se mainstream, perdeu a originalidade. Antes do Grundy, você tinha o Clash, o Buzzcocks, um monte de bandas que eram muito criativas à sua maneira.

O final de 'Pistol' amarra as coisas muito bem. Você ficou feliz com o final da série?

Eu gostei do jeito que terminou. Havia alguns finais diferentes que eu não gostava; [este] te deixa se sentindo bem sem ser piegas.

Quais foram os outros finais?

Houve um em que o elenco foi entrevistado sobre suas experiências e um daqueles tipos "Onde eles estão agora?", o que foi horrível para ser honesto com você. Estou tão feliz que Danny desistiu desse.

Mas deixa de fora a terceira parte do seu livro, as consequências dos Pistols e os resultados bastante trágicos para você. Você ficou bem com isso?

Poderia ter continuado, mas teria começado a ficar chato depois. Você não quer dormir ouvindo o que eu tenho feito depois dos Pistols. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

Estadão
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