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Situação permanece tensa no Sri Lanka e país vive incerteza

10 jul 2022 - 14h57
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Manifestantes continuam a ocupar palácio presidencial após fuga do presidente, que anunciou intenção de renunciar. Sri Lanka vem sendo castigado há meses por crise política e econômica.Os manifestantes que exigem a renúncia do presidente do Sri Lanka se negaram a deixar o palácio presidencial neste domingo (10/07). O local foi invadido por uma multidão no sábado, obrigando o chefe do Executivo a fugir. No mesmo dia, o presidente Gotabaya Rajapaksa anunciou a intenção de renunciar na próxima semana, mas ele segue no cargo por enquanto.

Manifestantes no interior do palácio presidencial do Sri Lanka
Manifestantes no interior do palácio presidencial do Sri Lanka
Foto: DW / Deutsche Welle

Os acontecimentos dramáticos de sábado foram o clímax de uma onda de protestos no país, que fica na costa sul da Índia e enfrenta uma forte crise política e econômica, que os manifestantes atribuem ao governo de Gotabaya Rajapaksa.

Centenas de milhares de pessoas se reuniram na capital, Colombo, para exigir que Rajapaksa assuma a responsabilidade pela escassez de remédios, alimentos e combustíveis, que levou o país, relativamente próspero para os padrões da região, a um cenário de caos.

Depois de invadir o palácio presidencial, um prédio do período colonial britânico, a multidão percorreu os ambientes luxuosos. Várias pessoas pularam na piscina e vasculharam o guarda-roupa e os pertences de Rajapaksa.

As tropas atiraram para o alto para ganhar tempo e permitir a fuga do presidente. Rajapaksa embarcou em um navio da Marinha e foi levado para fora da ilha.

O presidente de 73 anos se recusava a deixar o poder, apesar da onda de violência que deixou vários mortos em maio e que motivou a renúncia de seu irmão, Mahinda Rajapaksa, que ocupava o cargo de primeiro-ministro do país.

Mas Gotabaya Rajapaksa finalmente admitiu a derrota no sábado à noite, quando o chefe do Parlamento do país anunciou na televisão que, "para garantir uma transição pacífica, o presidente disse que apresentará sua renúncia em 13 de julho".

O gabinete de Rajapaksa também foi tomado por manifestantes e outro grupo incendiou a residência do primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe - ele também anunciou sua renúncia.

Imagens publicadas em redes sociais mostraram uma multidão celebrando o incêndio, que aconteceu pouco depois de um ataque das forças de segurança contra jornalistas.

Antes, a polícia tentou dispersar os manifestantes reunidos no distrito administrativo, o que provocou distúrbios.

O principal hospital de Colombo informou que atendeu 105 feridos no sábado e que 55 permanecem internados no domingo. Entre os pacientes estavam sete jornalistas.

Uma fonte do ministério da Defesa afirmou que Rajapaksa deve chegar à base naval de Trincomaleee, noroeste da ilha, durante o domingo.

EUA afirmam que guerra russa contra a Ucrânia agravou situação

O governo dos Estados Unidos pediu aos líderes do Sri Lanka que trabalhem "rapidamente" para buscar soluções a longo prazo.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o bloqueio às exportações de grãos da Ucrânia imposto pela Rússia pode ter contribuído para os distúrbios no Sri Lanka e expressou o temor de que isto possa provocar outras crises.

O papa Francisco expressou solidariedade ao povo do Sri Lanka. "Uno-me à dor do povo do Sri Lanka, que continua sofrendo os efeitos da instabilidade política e econômica", declarou o pontífice após a bênção do Angelus no Vaticano.

Neste domingo persiste a incerteza se alguma figura no Legislativo conseguiria reunir apoio suficiente para suceder Rajapaksa.

"Estamos nos aproximando de uma incerteza que é perigosa", disse o o deputado Dharmalingam Sithadthan, membro da minoria tâmil. O político apontou que "Gota", em referência a Gotabaya Rajapaksa "deveria ter renunciado de forma imediata, sem deixar um vácuo de poder.

Os manifestantes que permanecem no palácio presidencial afirmaram que não pretendem sair até que Rajapaksa abandone o poder de forma efetiva.

"Nossa luta não acabou", declarou o líder estudantil Lahiru Weerasekara.

O Sri Lanka enfrenta há vários meses uma escassez de alimentos básicos, cortes de energia elétrica e inflação galopante, depois que o país esgotou as reservas de divisas necessárias para as importações.

O governo declarou uma moratória da dívida de US$ 51 bilhões de dólares e busca um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI).

jps (AFP, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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