"Soltou a Juma", "liberdade ameaçada" e presidente "repugnante": como candidatos reagiram ao ato pela democracia
O ex-governador e candidato ao Senado pelo PSB esteve no ato em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP
Candidatos às eleições deste ano que marcaram presença na leitura da carta em defesa da democracia nesta quinta-feira, 11, na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, fizeram críticas ao atual governo de Jair Bolsonaro (PL) e manifestaram preocupação com a polarização que novamente marca o País.
Apesar de ser um evento marcado por um discurso em oposição ao chefe do Executivo, a reportagem do Terra flagrou ex e atuais aliados de Bolsonaro na manifestação que, segundo a organização, reuniu 18 mil participantesna capital paulista.
A carta reúne quase 1 milhão de assinaturas, inclusive de presidenciáveis e candidatos às eleições de outubro, exceto Bolsonaro. O presidente, inclusive, debochou da iniciativa quando foi convidado a apoiar o documento.
Veja como candidatos reagiram ao ato pela democracia.
Fernando Haddad, ex-prefeito e candidato do PT ao governo de São Paulo
"Esse ato só existe porque as liberdades estão ameaçadas e isso é inaceitável. Um governo que atenta contra as liberdades todos os dias, precisa de uma resposta a altura. Viemos aqui dizer que não vamos abrir mão do que conquistamos com a redemocratização".
Márcio França, ex-governador e candidato ao Senado pelo PSB
"Sinceramente, Bolsonaro poderia ter matado o assunto se ele assinasse essa carta. Ia todo mundo querer tirar o nome da carta e assim por diante. Mas ele gosta do conflito, ele joga com isso. E ao contrário do que falam, ele é bom nisso, ele sabe o que está fazendo, mas às vezes as coisas acontecem de maneira que a gente não imaginava. As vezes um errinho produz um fósforo que incendeia uma ideia. Ele brincar com esse assunto sobre o limite ou não da democracia soltou uma Juma Marruá que estava meio que amortecida e misturou a sociedade, setores do economia, bancos".
Joice Hasselmann, ex-aliada de Bolsonaro e candidata a reeleição a deputada federal pelo PSDB
"O que a gente está vendo é nossa democracia sendo, dia sim, dia também, aviltada. Estamos sob ameaça, sim. Se fosse possível até esse momento um golpe ser aplicado pelo atual presidente do País, ele teria aplicado. [Bolsonaro] não vai desitir, independente do resultado disso. A gente não pode esperar algo diferente dele, porque ele é aquilo: um ser repugnante, que odeia democracia, que quer que as liberdades sejam todas cassadas. A única liberdade que ele preza é a dele e dos filhos. Eu não esperava nenhuma reação diferente. Não tinha expectativa nenhuma"
Eduardo Suplicy, ex-senador e candidato a deputado estadual pelo PT
"Eu participei do ato pela democracia em 1977 [durante a ditadura militar] e foi o que me estimulou a, inclusive, me tornar deputado federal, sobretudo lutando pela democracia e pelas Diretas Já. Lutamos muito, e agora o [candidato à Presidência] Lula pediu queeu fosse candidato a deputado estadual para ajudar a campanha e acabei aceitando. Estou recordando essas duas coisas, achei maravilhoso o ato".
Coronel Tadeu, aliado de Bolsonaro e candidato à reeleição a deputado federal pelo PL
"Eu não assinei [a carta] porque eu vi que não tem nada de democrático nela. O presidente defende eleições limpas, isso é mais do que democrático para todos nós. Alguém duvida que esse procedimento precise de um protocolo de segurança mais apurado? É só isso que Bolsonaro está pregando. Ninguém me barrou aqui, mas escutei muitas pessoas dizendo assim: 'esse coronel é corajoso, esse cara é 'peitudo''. Ora, disso eu entendo que não é para eu estar aqui, então? Não é um campo democrático? As pessoas me veem, tiram fotos, acham estranho, né? Ninguém esperava que um bolsonarista estaria aqui."
Jair Bolsonaro, presidente e candidato a reeleição pelo PL
O governo Jair Bolsonaro (PL) e a campanha à reeleição do presidente buscaram minimizar os atos O presidente, ministros e coordenadores de campanha traçaram a estratégia de colar a iniciativa à oposição e trataram o manifesto como algo menor. Bolsonaro optou, por enquanto, por ignorar o tema em público, depois de dizer que não assinaria a "cartinha".
"Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobrás reduziu, mais uma vez, o preço do diesel", escreveu o presidente nas redes sociais, após meses de alta nos combustíveis, que elevaram a inflação. "A redução representa queda de R$ 0,22 por litro. O presente mês acumula redução de R$ 0,42 por litro de diesel. Já estamos entre os países com o menor preço médio de combustíveis do mundo, no cenário atual", comparou Bolsonaro.
- Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobrás reduziu, mais uma vez, o preço do diesel.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 11, 2022
Os bolsonaristas também defendem que a reação aos atos de hoje ocorrerá no Sete de Setembro, quando o presidente convocou seus militantes para irem às ruas "pela última vez" dar recados a "surdos de capa preta" - referência a ministros do Supremo Tribunal Federal.