Script = https://s1.trrsf.com/update-1729514441/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

SP: policiais invadiam estabelecimentos e registravam falsas irregularidades para extorquir empresários

Esquema envolvia até os advogados das vítimas; propina cobrada chegava a R$ 3 milhões

1 abr 2024 - 11h57
(atualizado às 12h34)
Compartilhar
Exibir comentários
Resumo
MP-SP revelou como funcionava um esquema de extorsão entre policiais, guarda municipal e agentes público que acontecia no interior de São Paulo. Os criminosos chegavam a cobrar R$3 milhões para retirar falsas irregularidades. Só um dos 14 investigados ainda não foi preso.
Esquema com policiais visava extorquir empresários
Esquema com policiais visava extorquir empresários
Foto: Reprodução/Fantástico

Era comum que empresários do interior de São Paulo tivessem seus estabelecimentos invadidos por policiais sem nenhum mandado ou ordem judicial. As autoridades não só entravam, como apreendiam mercadorias e forjavam ocorrências. O que poucos sabiam é que tudo isso era um esquema entre policiais e agentes públicos para extorquir dinheiro. 

O caso foi revelado pelo Ministério Público de São Paulo ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo, 31. Na reportagem, a entidade detalhou como acontecia a ação dos criminosos. Segundo o órgão, as operações policiais eram armadas visando o pagamento de propina milionária.

Para isso, o grupo apreendia mercadorias e registravam ocorrências de irregularidades inexistentes. “Invadiam sem mandado, sem ordem judicial nenhuma”, contou Paulo Carolis, promotor da investigação. 

Caso em Indaiatuba

Um dos casos escandalosos contado pelo programa dominical aconteceu em Indaiatuba, a cerca de 110 km da capital paulista. Na ocasião, os policiais participantes do esquema apreenderam 23 carros de uma concessionária, além de bens dos donos da empresa e outras mercadorias.

Ao serem encaminhados para a delegacia, os empresários relataram que foram extorquidos e ameaçados. Segundo uma das vítimas, os policiais imputavam crimes para que a propina fosse paga. "A gente acabou vendo que vocês têm crime de lavagem dinheiro, crime de mercadoria falsificada, de formação de quadrilha, de porte ilegal de arma, abuso sexual”, relembrou uma das falas que ouviu dos criminosos.

O valor para se livrar de todas essas acusações? R$ 3 milhões. A vítima da ocorrência em Indaiatuba lembra que os policiais prometiam devolver as mercadorias e esquecer as alegações caso a propina milionária fosse paga.

Muitos envolvidos

Os empresários contaram ao programa que a força-tarefa para extorquir a propina era grande. Uma das vítimas lembra que foi recebido pelos policiais civis André da Silva e Carla Moreira, além do guarda municipal Jackson da Silva e por Márcio Pereira Mendes, que não faz parte da polícia. 

Criminosos chegavam a apreender até mesmo veículos
Criminosos chegavam a apreender até mesmo veículos
Foto: Reprodução/Fantástico

“Era a Márcio 'treme-treme' que conduzia, mas a pessoa que mais humilhava era a Carla. Era uma cara de deboche, uma cara de humilhação como se a gente fosse qualquer pessoa na frente dela. Autoridade em cima da gente”, detalhou um dos empresários em depoimento. 

“Eles tinham colocado umas drogas na mesa e se a gente não resolver, não fizer acordo, eles iriam falar alguma coisa desse naipe pra incriminar a gente”, afirmou outra vítima. 

Depois de horas exaustivas de negociação, os empresários não conseguiram se livrar do pagamento, mas fizeram um acordo. Dos R$ 3 milhões iniciais cobrados, seria cobrado "apenas" R$ 1 milhão de propina, a ser pago em R$ 500 mil de entrada e parcelas semanais de R$ 25 mil.

Suspeitos foram presos

De acordo com as investigações, Clésio de Oliveira Filho, o delegado titular do Primeiro Distrito Policial de Indaiatuba, é o principal suspeito de chefiar a organização criminosa. Isso porque era para lá que os policiais levavam as vítimas para pressionar e acertar o valor da propina. 

O delegado foi preso nesta semana junto a outros investigados. Segundo o MP-SP, das 14 pessoas que formavam o "gabinete do crime", 13 estão presos. A exceção é Márcio Pereira Mendes, que está foragido. 

Uma surpresa foi a prisão dos três advogados dos empresários Rubens Filho, Hélio dos Santos Júnior e Marcelo Savioli. De acordo com os promotores do MP-SP, os advogados, que estavam ali para defender os interesses dos clientes, na verdade os estimulavam a pagar o valor da propina.

Depois, o dinheiro era contado no próprio escritório deles e eles mesmos faziam os repassem aos outros envolvidos. “Os advogados nesse caso atuaram contribuindo para que essa extorsão e essa propina fosse efetivamente paga”, contou o promotor Paulo Carolis.

Ao Fantástico, os advogados dos investigados se limitaram a dizer que vão provar a inocência dos clientes. Por nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que as medidas cabíveis serão tomadas quando a investigação terminar.

Já a Prefeitura de Indaiatuba disse que afastou os servidores concursados envolvidos e que os comissionados estão sendo demitidos. O Ministério Público pediu o bloqueio de até R$ 10 milhões das contas de cada um dos investigados.

Delegado investigado por morte de Marielle Franco escreveu livro sobre o crime Delegado investigado por morte de Marielle Franco escreveu livro sobre o crime

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade