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Suleiman, o Magnífico chateia políticos, mas conquista o público turco

25 mar 2011 - 06h04
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Uma série de televisão sobre o esplendoroso período do sultão otomano Suleiman, o Magnífico gerou polêmica na arena política turca, algo que não é empecilho para que milhões de telespectadores se reúnam todas as quartas-feiras diante da televisão para acompanhar as intrigas do palácio de Topkapi.

"Século Magnífico", transmitido pelo canal "Show TV", é baseado na história de Suleiman Kanuni (Suleiman o Legislador, como é conhecido na Turquia), um sultão que chegou ao trono em 1526 aos 26 anos e, durante seu quase meio século de reinado, duplicou os territórios sob controle da Sublime Porta (Império Otomano).

Seu Governo, cheio de vitórias, foi levado à televisão pelos irmãos Yagmur e Tugrul Taylan, mas de um ponto de vista diferente: a ação transcorre sempre entre os muros do palácio, com especial atenção nas intrigas do harém e em Roxelana, grande amor de Suleiman.

Roxelana, filha de um sacerdote ortodoxo ucraniano, foi entregue como presente ao palácio otomano - onde foi batizada no islã com o nome de Hürrem -, e conseguiu atrair a atenção do sultão, que a transformou em sua segunda esposa.

Roxelana foi uma esposa fria e calculista, que utilizou o amor de Suleiman para se aproveitar do império, de modo que o soberano, seguindo seus conselhos, ordenou decapitar seu colaborador de maior confiança, o grande Ibrahim, e assassinar alguns de seus próprios filhos.

Desta forma, Roxelana conseguiu colocar seu filho, Selim II, na linha de sucessão.

"Na escola sempre nos ensinam a história otomana através das vitórias e das derrotas na guerra, portanto acho bom que haja séries que expliquem outros pontos de vista do Império Otomano", assegura à Agência EFE Cengiz, um jovem de Istambul que é espectador assíduo de ''Século Magnífico''.

No entanto, nem todos na Turquia estão de acordo com esta opinião já que, ver o mais poderoso e vitorioso de todos os sultões otomanos como fantoche de uma mulher e como um homem que se deixa levar pelos jogos amorosos do harém e pelo álcool, enfureceu os círculos nacionalistas e islamitas.

Após sua estreia em janeiro, foram organizados protestos e a produtora da série precisou contratar guarda-costas para os artistas que participam dela.

O Conselho Superior de Radio e Televisão a Turquia (RTUK), que recebeu cinco mil queixas sobre "Século Magnífico" em três dias, emitiu uma "advertência" à rede "Show TV".

"Não entendemos ainda se trata-se do século magnífico ou do século erótico", criticaram alguns colunistas em referência a certas cenas tórridas da série.

"O harém é mostrado como um bordel", "O sultão é mostrado como um viciado em sexo", "Nossos valores não são respeitados", foram alguns dos slogans usados contra a série, um protesto que foi bem recebido por alguns ministros do Governo islamita moderado de Recep Tayyip Erdogan.

"Estamos falando de um império cujos domínios se estenderam por três continentes durante 600 anos. O sultão Suleiman é apresentado como alguém fraco por mulheres e álcool. O harém é refletido com uma visão oriental. Não é correto mostrar assim os otomanos", criticou Aliye Kavaf, ministra de Família e Assuntos da Mulher.

Também foram criados debates sobre a exatidão dos detalhes da série, como os vestidos, a posição dos sultões na hora de comer e a aparência do harém.

Fontes que trabalham na série explicaram à EFE que estão sendo traduzidos documentos da época porque são considerados como relatos mais precisos sobre o modo de vida da corte de Suleiman.

No entanto, não importa o quanto seja criticada por nacionalistas e islamitas, a série se transformou em uma paixão para milhões de pessoas, aumentando o interesse por esse período da história otomana.

Livros sobre o harém, Soleimán e Hürrem são vendidos como água e estas palavras se transformaram em algumas das mais procuradas no Google pelos turcos.

EFE   
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