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Talibã comemora vitória com saída dos EUA do Afeganistão

Retirada das tropas norte-americana assinalou o fim de uma guerra de 20 anos que deixou a milícia islâmica mais forte do que era em 2001

31 ago 2021 - 08h30
(atualizado às 08h41)
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Tiros de comemoração ressoaram em toda Cabul nesta terça-feira enquanto combatentes do Talibã assumiam o controle do aeroporto antes do amanhecer na esteira da retirada dos últimos militares dos Estados Unidos, o que assinalou o fim de uma guerra de 20 anos que deixou a milícia islâmica mais forte do que era em 2001.

Porta-voz do Taliban Zabihullah Mujahid fala com membros de unidade militar no aeroporto de Cabul, no Afeganistão
31/08/2021 Taliban/Divulgação via REUTERS
Porta-voz do Taliban Zabihullah Mujahid fala com membros de unidade militar no aeroporto de Cabul, no Afeganistão 31/08/2021 Taliban/Divulgação via REUTERS
Foto: Reuters

Imagens de vídeo trêmulas distribuídas pelo Talibã mostraram combatentes entrando no aeroporto depois que os últimos soldados norte-americanos partiram em uma aeronave C-17 um minuto antes da meia-noite, encerrando uma saída apressada e humilhante para Washington e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"É um dia histórico e um momento histórico", disse o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, em uma coletiva de imprensa no aeroporto depois da partida. "Estamos orgulhosos destes momentos, de termos libertado nosso país de uma grande potência."

Uma imagem do Pentágono feita com lentes de visão noturna mostrou o último soldado dos EUA embarcando no derradeiro voo de retirada de Cabul --o general Chris Donahue, comandante da 82ª Divisão Aérea.

A guerra mais longa dos EUA cobrou as vidas de quase 2.500 soldados e aproximadamente 240 mil afegãos e custou cerca de 2 trilhões de dólares.

Embora ela tenha conseguido tirar o Talibã do poder e impedido que o Afeganistão fosse usado como uma base para a Al Qaeda atacar os EUA, terminou com os militantes islâmicos radicais controlando mais territórios do que em seu governo anterior.

Durante os anos de 1996 a 2001, o Talibã impôs sua interpretação rigorosa da lei islâmica, e agora o mundo assiste para ver se o movimento forma um governo mais moderado e inclusivo nos meses à frente.

Milhares de afegãos já fugiram por temerem represálias do Talibã. Mais de 123 mil pessoas foram retiradas de Cabul em uma ponte aérea maciça, mas caótica, dos EUA e seus aliados nas últimas duas semanas, mas dezenas de milhares que ajudaram nações ocidentais durante a guerra foram deixadas para trás.

Um contingente de norte-americanos, que o secretário de Estado, Antony Blinken, estimou serem menos de 200, e possivelmente mais perto de 100, queria partir, mas não conseguiu embarcar nos últimos voos.

O secretário das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, avaliou o número de cidadãos britânicos no Afeganistão em poucas centenas depois da retirada de cerca de 5 mil.

O general Frank McKenzie, comandante do Comando Central dos EUA, disse em uma entrevista coletiva no Pentágono que o diplomata norte-americano mais graduado no Afeganistão, Ross Wilson, estava no voo final do C-17.

Em um comunicado, o presidente norte-americano, Joe Biden, defendeu sua decisão de se ater ao prazo de saída desta terça-feira, dizendo que cobrará do Talibã seu compromisso de dar passagem livre àqueles que quiserem deixar o Afeganistão.

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