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Ações da Tesla caem 9% após entrevista de Musk ao 'New York Times'

Ao jornal americano, executivo disse que seu tuíte sobre 'fechar o capital' da empresa não foi revisado por ninguém; Elon Musk chegou a chorar durante a entrevista

17 ago 2018 - 19h03
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As ações da fabricante de carros elétricos americana Tesla caíram 9% nesta sexta-feira, 17, depois que o presidente executivo da empresa, Elon Musk, disse ao jornal americano New York Times que ninguém revisou sua recente declaração com a proposta de fechar o capital da empresa. Os papéis da empresa encerraram o dia cotados a US$ 305,50.

Divulgada pelo Twitter, a oferta de Musk dava conta de que ele gostaria de tirar a Tesla da bolsa de valores caso o preço das ações da empresa chegasse a US$ 420. A declaração incentivou os investidores na época, mas depois rendeu desconfiança do mercado e também uma investigação pela agência regulatória Securities and Exchange Comission (SEC, na sigla em inglês).

O jornal também disse que a Tesla está em busca de um executivo para ser o braço-direito de Elon Musk, tirando pressão do presidente da empresa. Nos últimos meses, Musk tem sido muito criticado pelos problemas de produção da fabricante de carros elétricos, com dificuldades para entregar unidades o suficiente para atingir a demanda do sedã Model 3, além de seu comportamento errático e polêmico no Twitter - recentemente, ele chegou a chamar um dos bombeiros do caso dos meninos da Tailândia de pedófilo.

Na entrevista, Musk disse que não tem planos de renunciar a seu posto duplo na companhia - hoje, além de presidente executivo, ele também é presidente do conselho. Nem todos pensam assim. "O conselho pode revisar o duplo papel de Musk na empresa, além da pressão da SEC", disse Ivan Feinseth, analista da Tigress Financial Partners. "Pode ser um problema de governança, mas também é algo que pode desapontar muitos, porque a visão e a personalidade de Musk estão intrinsecamente ligados à empresa."

Choro. Na entrevista, que durou cerca de uma hora, Musk chegou a chorar algumas vezes. "Esse ano foi o mais difícil e doloroso da minha carreira. Foi excruciante", disse. Ele admitiu, por exemplo, que houve ocasiões em que não saiu da fábrica por três ou quatro dias ininterruptos. "Tive de fazer isso e fiquei sem ver meus filhos ou amigos".

Ele disse ainda que houve semanas em que trabalhou cerca de 120 horas e que passou as 24 horas de seu aniversário na empresa. "Toda a noite, sem amigos, sem nada", reiterou. Musk também comentou que não passa uma semana longe do trabalho há quase duas décadas - a última vez que fez isso foi em 2001, quando contraiu malária.

Financiamento. Além de muita discussão se Musk agiu da maneira correta ao anunciar a proposta de fechar o capital da Tesla pelo Twitter, também se discute sobre qual será a fonte de financiamento para que o executivo consiga concretizar a proposta.

Segundo Musk, as principais fontes de recursos serão de fundos que tem investido em tecnologia, como o PIF, da Arábia Saudita, o Mubadala, de Abu Dhabi, e o japonês SoftBank. O executivo, porém, pode ganhar uma ajuda "dele mesmo": segundo o New York Times, a empresa de engenharia aeroespacial de Musk, a SpaceX, pode também participar da negociação, segundo fontes próximas ao assunto.

Hoje, Musk tem 20% da empresa, que estaria avaliada em US$ 72 bilhões, caso seus papeis atingissem US$ 420. Ele já disse várias vezes que gostaria de fechar o capital da empresa, para reduzir a pressão pública, seja por parte de investidores de "curto prazo", que buscam lucrar com alta das ações, ou da imprensa.

Estadão
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