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Amazon compra câmeras termais de empresa que consta em lista negra dos EUA

29 abr 2020 - 15h32
(atualizado às 15h57)
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A Amazon comprou câmeras para medir a temperatura de seus funcionários durante a pandemia de coronavírus de uma empresa que consta de lista negra dos Estados Unidos de entidades acusadas de ajudar a China a deter e monitorar os uigures e outras minorias muçulmanas, disseram à Reuters três fontes familiarizadas com o assunto.

Exibição de câmera para medição de temperatura em São Francisco, Califórnia (EUA) 
24/04/2020
REUTERS/Nathan Frandino
Exibição de câmera para medição de temperatura em São Francisco, Califórnia (EUA) 24/04/2020 REUTERS/Nathan Frandino
Foto: Reuters

A empresa chinesa Zhejiang Dahua Technology enviou este mês 1.500 câmeras para a Amazon, em negócio avaliado em cerca de 10 milhões de dólares, informou uma das fontes. Pelo menos 500 dos sistemas da Dahua - a empresa que consta da lista negra - são para uso da Amazon nos Estados Unidos, disse outra fonte.

A aquisição da Amazon é legal porque as regras da lista negra controlam as licitações de contratos e exportações do governo dos EUA, mas não impedem os negócios do setor privado.

No entanto, os Estados Unidos "consideram que as transações de qualquer natureza com entidades incluídas na lista sinalizam uma "bandeira vermelha" e recomendam que as empresas norte-americanas procedam com cautela", de acordo com o site do Departamento de Indústria e Segurança. A Dahua contesta sua inclusão na lista e Pequim nega maus tratos a grupos minoritários.

O negócio ocorreu depois que a agência de medicamentos e alimentos dos EUA (FDA) alertou para escassez de termômetros e disse que não suspenderia durante a pandemia o uso de câmeras térmicas, que carecem da aprovação regulamentar da agência. A maior fabricante norte-americana, a FLIR Systems, tem fila de semanas de espera e está dando prioridade a hospitais e outras instalações críticas.

A Amazon recusou-se a confirmar a aquisição das câmeras termais da Dahua, mas disse que o hardware dos equipamentos cumpre a legislação, e que a verificação de temperatura que está fazendo serve para "apoiar a saúde e segurança dos nossos funcionários, que continuam a prestar um serviço crítico em nossas comunidades".

A empresa acrescentou, sem citar nomes, que está implementando esse tipo de sistema de diversos fabricantes. Estes fornecedores incluem a Infrared Cameras, que a Reuters relatou anteriormente, e a FLIR, de acordo com os funcionários da rede de mercados Whole Foods, controlada pela Amazon e que implementou o sistema.

"É preocupante saber que empresas norte-americanas conhecidas continuam a fazer vista grossa às empresas que alimentam o tratamento brutal que o Partido Comunista chinês dá a tantos dos seus próprios cidadãos", disse o republicano que chefia a Comissão dos Assuntos Externos da Câmara dos deputados dos EUA, Michael McCaul, em reação à notícia.

A Dahua, uma das maiores fabricantes mundiais de câmeras de vigilância, disse que não discute seus compromissos com clientes e que segue as leis. A empresa está empenhada em "mitigar a propagação da Covid-19" através de tecnologia que detecta "uma temperatura anormalmente elevada da pele - com grande precisão", afirmou a companhia.

O Departamento de Comércio dos EUA, que mantém a lista negra, recusou-se a comentar. A FDA disse que seria discreta na aplicação de suas regulações durante a crise de saúde pública, desde que os sistemas térmicos não criem "riscos indevidos" e que avaliações secundárias confirmem seus diagnósticos.

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