Bancos centrais se unem para elaborar moeda digital e reduzir distância para China
Um grupo de sete grandes bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, definiu nesta sexta-feira como uma moeda digital deve ser numa tentativa de se aproximarem dos desenvolvimentos da China e passarem por cima de projetos privados como a Libra, do Facebook.
Os bancos centrais e o Bank de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) afirmaram que as principais características devem incluir resiliência, disponibilidade de baixo ou zero custo, padrões apropriados e aparato legal claro, além de prever um papel apropriado para o setor privado.
O vice-presidente do Banco da Inglaterra (BoE) e presidente do comitê do BIS sobre pagamentos, Jon Cunliffe, disse que o crescimento dos pagamentos digitais desde as medidas de quarentena disparadas pelo coronavírus aceleraram a transformação do dinheiro pela tecnologia.
Os bancos centrais começaram a olhar mais atentamente para moedas digitais após o Facebook anunciar em 2019 o lançamento da Libra, que seria lastreada por uma cesta das principais moedas e títulos de dívida governamentais. A entidade por trás da iniciativa desde então mudou os planos e agora espera lançar várias "stablecoins" lastreadas por moedas individuais.
Os bancos centrais precisam acelerar os trabalhos para evitarem que o setor privado crie sistemas de pagamento incompatíveis, disse Cunliffe.
Além do Fed e do BoE, os outros bancos incluem o Banco Central Europeu, o Banco Nacional da Suíça e o Banco do Japão, mas não o Banco Popular da China.
A China já está em processo de criação de sua moeda digital e o Banco Popular da China afirma que a iniciativa vai impusionar o alcance do iuan em um mundo dominado pelo dólar.
Na véspera, o principal diplomata do Japão para finanças, Kenji Okamura, disse que a China está buscando obter a vantagem de ser a primeira a desenvolver sua própria moeda digital, alertando que isso é "algo que deveríamos nos preocupar".
"Não acho que isso seja uma corrida entre bancos centrais", disse Cunliffe, acrescentando que nenhuma moeda digital emitida por banco central vai dominar o mundo todo.