Construindo a inovação
*Por Renan Lecheta
Construir é caro. Existem muitas possibilidades para aumentar a eficiência de uma construção e com isso diminuir os custos, porém o setor ainda possui a baixa prática de apostar nas inovações e se mantém como um dos mais conservadores do mercado. A transformação digital está invadindo os setores e a construção civil precisa correr atrás do tempo perdido para se atualizar.
Só há uma saída: investir em tecnologia. Apesar do setor de construção civil representar 10% do PIB mundial e 6,2% do PIB do Brasil, a área aparece como a segunda pior em termos de adoção de tecnologias digitais, segundo artigo da Harvard Business Review. São apenas 265 startups que desenvolvem soluções para o setor em todo o território brasileiro.
Foi a partir do ano passado que o termo Construtech, nomenclatura usada para definir empresas tecnológicas e escaláveis que resolvem problemas da cadeia de valor da construção, começou a ter relevância nas buscas do Google e a ser debatido no país. Aqui, o desenvolvimento de tecnologias para construção é algo novo e pouco explorado, se comparado a outros países. Mas posso dizer que, participando de eventos do setor e acompanhando os movimentos, ele nunca esteve tão aquecido. O cenário está mudando e alguns já perceberam isso.
Nosso time participou do Alphainova, promovido pela Alphaville Urbanismo, e notamos que grandes empresas como Andrade Gutierrez, Tecnisa, Votorantim, Gerdau, estão seguindo a mesma linha, abrindo editais buscando uma aproximação maior com as startups construtechs.
Em Santa Catarina, uma das maiores empresas do estado, a Softplan, criou o Construtech Ventures, o primeiro venture builder do mundo, iniciativa que deve aliar a agilidade das startups com toda a estrutura da empresa já estabelecida. Percebendo todo esse potencial, a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) está criando uma vertical específica para o setor, para acompanhar toda a inovação que está chegando.
Esse ano, em Curitiba, realizamos nosso primeiro evento voltado para Construtechs e tive a oportunidade de conversar diretamente com mais de 60 pessoas que estão desenvolvendo ou investindo na área. Foi incrível.
Acredito que vamos presenciar ainda esse ano um boom de construtechs, e vamos ver as grandes empresas tentando se atualizar no mercado. Demorou, mas a inovação chegou para ficar.
* Renan Lecheta é CEO da Conaz