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IAs interpretam as microexpressões faciais e emoções que tentamos esconder

17 abr 2018 - 18h50
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Jogadores de pôquer muitas vezes precisam ter controle das expressões faciais que fazem para que seus oponentes não saibam se as cartas são fortes ou fracas, o que é conhecido como "poker face". Bem, isso funciona desde que os oponentes não sejam inteligências artificiais.

expressões faciais
expressões faciais
Foto: Canaltech

As IAs estão ficando cada vez mais especializadas em reconhecimento de imagem, o que inclui o reconhecimento facial e as microexpressões. Em uma palestra da TED Conference, Poppy Crum, diretora-chefe da Dolby Laboratories, detalhou o funcionamento da nova tecnologia de IA que sua empresa desenvolveu, que consegue identificar expressões e assim determinar se alguém está mentindo, inclinado a praticar violência ou até mesmo apaixonado. "É o fim da poker face", disse ela.

Paul Ekman, psicólogo e autor do livro "Telling Lies" explica que, quando mentimos ou tentamos esconder uma emoção, nossos rostos e expressões corporais nos entregam completamente através de gestos, posturas ou mesmo expressões faciais que escapam por frações de segundos nos nossos rostos, revelando a verdade. Os sensores da inovação criada pela Dolby registram e interpretam essas microexpressões, que a maior parte das pessoas de carne e osso sequer nota durante uma conversa informal. Segundo Poppy Crum, a dilatação das pupilas pode revelar processamento cerebral ao inventar uma história ou sensíveis aumentos na temperatura da pele podem indicar paixão ou estresse.

Poppy acredita que, apesar do risco de utilizarem essa tecnologia para a manipulação, ela pode aproximar humanos por expor com mais exatidão nossos reais sentimentos. "É realmente assustador em um nível, mas em outro nível é realmente poderoso", disse a pesquisadora. "Podemos superar a divisão emocional". Como exemplo, Poppy citou o uso da IA por um conselheiro escolar que queira averiguar se um de seus estudantes está deprimido ou enfrentando problemas, apesar da aparência feliz que somos obrigados a ostentar socialmente.

Alguns outros usos interessantes da inovação foram exemplificados por Poppy: artistas podem usá-la para entender melhor quais emoções suas obras criam no público, por exemplo. "Nós poderemos saber mais sobre o outro do que jamais soubemos. Vamos usar isso pelas razões certas e não pelas erradas", concluiu a pesquisadora.

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