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Robôs e inteligências artificiais já dominam a programação da TV chinesa

4 abr 2018 - 13h35
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BattleBots, um dos programas de televisão mais assistidos dos Estados Unidos quase duas décadas atrás, foi o responsável por fazer com que Wang Xi, um adolescente que morava perto da capital chinesa de Pequim, se apaixonasse por shows de combates robóticos. Na época, a atração atingiu 1,5 milhão de telespectadores por episódio, e, com tamanho sucesso, foi sindicado em emissoreas de TV de todo o mundo, incluindo a China.

Admirado com as batalhas que assistia na telinha, Wang decidiu que um dia iria construir o seu próprio robô e que também iria fazê-lo batalhar em um programa. Seu sonho veio a ser alcançado neste ano, com a realização do primeiro show de combate robótico da China, King of Bots. A atração estreou nos televisores chineses em janeiro e faz parte de uma série de programas sobre combates entre robôs que serão transmitidos no país ao longo deste ano. Por ser o pioneiro em transmitir estas batalhas nas televisões do país, o King of Bots até mesmo contou com o astro Jet Li como embaixador global do programa.

O robô de Wang se chama Greedy Snake, e lutou contra outras criações robóticas feitas por outras equipes chinesas, e também do Reino Unido e dos Estados Unidos. O show está sendo exibido pelo canal televisivo Zheijang, que é amplamente assistido no país e, portanto, fez com que o programa de combates entre máquinas se tornasse rapidamente popular. De acordo com uma pesquisa da empresa CSM, o episódio de King of Bots exibido em 26 de fevereiro até mesmo alcançou o segundo lugar do ranking de programas de entretenimentos mais assistidos em 52 cidades, dentro do período em que é exibido na grade, ficando apenas atrás de um remake chinês de uma competição de trivias.

Wang, que estava trabalhando como desenvolvedor de jogos, agora é um consultor técnico do programa, e afirmou que o show foi inspirado no revival de BattleBots, que aconteceu em 2015. Todavia, a ascensão da China com programas vanguardistas de tecnologia e inovação também tem um papel importante no sucesso de King of Bots.

A programação chinesa em uma casca de noz

Os reality shows mais populares da China geralmente incluem programas de competição de canto e dança. Em 2017, uma das atrações mais famosas das TVs chinesas, The Rap of China, abocanhou 2,7 bilhões de telespectadores ao longo da temporada, enquanto transformava dezenas de jovens concorrentes em estrelas da música. Em contrapartida, outro espetáculo amplamente assistido pelo público se concentrou em recitar a poesia clássica nacional às pessoas.

Os shows com robôs representam, portanto, uma mudança drástica na programação de reality shows, coincidindo, inclusive, com o momento em que a China está buscando a proeza de avançar com sua tecnologia, prometendo ser líder em inteligências artificiais até 2030 de modo a investir em robôs industriais e automação para o país. Por sinal, um programa estreou em agosto do ano passado e trouxe humanos competindo contra tecnologias IA em desafios diversos.

Bots com diferentes habilidades e tamanhos se enfrentam e ainda precisam sobreviver às armadilhas espalhadas ao longo do cenário. (Imagem: JetLi.com)
Bots com diferentes habilidades e tamanhos se enfrentam e ainda precisam sobreviver às armadilhas espalhadas ao longo do cenário. (Imagem: JetLi.com)
Foto: Canaltech

E, apesar de King of Bots ter chegado ao final de sua temporada no início do mês passado, uma gigante de serviços de streaming conhecida como iQiyi, juntamente da empresa de buscas chinesa Baidu, começou a exibir um programa parecido chamado Clash of Bots no dia 23 de março. Além disso, a Youku, outra plataforma de vídeos apoiada pela Alibaba, também está providenciando a This is Bots para algum momento deste ano.

Em busca do mais forte

No programa King of Bots, os competidores colocam robôs controlados remotamente um contra o outro em uma redoma de vidro à prova de balas. Dentro de um período de três minutos, cada equipe precisa paralisar a máquina do grupo rival, de modo a vencer a luta. Os participantes também precisam navegar suas criações para que eles escapem de armadilhas instaladas no estádio da competição, o que inclui rebites na parede, chamas expelidas pelo chão, rolos serrilhados e plataformas que abrem e fecham.

As equipes que concorrem no King of Bots contam com participantes de outros países também como, por exemplo, Brasil, Reino Unido, Estados Unidos e Austrália. Os ganhadores da competição recebem uma grande quantia de apoio financeiro pelo programa. No caso de Wang, ele recebeu cerca de 200.000 yuans (algo em torno de US$ 32.000) para construir o seu próprio bot, uma máquina que se assemelha a um tanque e que pesa quase 10 quilos. A máquina tem força o suficiente para levantar um oponente e jogá-lo ao chão. Em seu time está a sua esposa, que passou seis meses projetando o robô, fabricado em Xangai.

Todos os competidores da primeira temporada de King of Bots reunidos. (Imagem: Imgur)
Todos os competidores da primeira temporada de King of Bots reunidos. (Imagem: Imgur)
Foto: Canaltech

Na primeira temporada, um total de 48 equipes participaram. Wang comentou que encontrou com equipes estrangeiras mais experientes do que ele e seu time em questão de estratégia e design de combate. Isto porque países como o Reino Unido e os Estados Unidos têm uma história maior do que a China envolvendo eventos com combate maquinário no passado. O bot de Wang, por sinal, perdeu na competição para um time chinês que se colocou entre os oito melhores.

Todavia, o competidor observa que o programa teve suma importância fornecendo um meio para os entusiastas de robótica avaliarem seu nível de habilidade no assunto. "Se um país quer rejuvenescer e até mesmo liderar o mundo, devemos contar com a atitude de buscar conhecimento e ciência", comentou Wang.

Ideia em gradativa expansão

Antes de King of Bots existir, a maioria das equipes de bots só competia off-line, de acordo com Wang, que fundou a maior associação de combates de robôs da China em 2015. Atualmente, o grupo conta com mais de 1.000 membros, e dentre estes, pelo menos 300 pessoas são habilidosas o bastante para criar um robô capaz de competir e lutar.

Enquanto competem, os bots demonstram suas inúmeras habilidades e ficam assegurados em uma redoma de vidro à prova de balas. (Imagem: JetLi.com)
Enquanto competem, os bots demonstram suas inúmeras habilidades e ficam assegurados em uma redoma de vidro à prova de balas. (Imagem: JetLi.com)
Foto: Canaltech

Um destes pode vir a ser Yue Tan, um especialista em engenharia eletrônica no sul da província de Guangdong, que está fazendo um bot de aproximadamente 13,6 kg, o qual ele espera utilizar em competições off-line que começam em maio, apresentadas pela coprodutora de King of Bots, a empresa de criação de vídeos The Makers sediada em Xangai. Enquanto conversava com o veículo Zhihu e fornecia dicas, Yue afirmou que as crianças poderão explorar e firmar confiança em seus trabalhos enquanto criam robôs, mas, ainda assim, é importante que existam falhas para que o crescimento seja parte da aprendizagem.

Chen Wei, produtor do próximo espetáculo da iQiyi, Clash Bots, espera que sua atração possa impulsionar os jovens aspirantes para a fabricação e o desenvolvimento de tecnologia da China. Para ele, o país está atrasado em alguns setores da indústria tecnológica. "Se a competição se tornar popular e mais pessoas se inspirarem, nossa tecnologia provavelmente também melhorará", disse Chen ao portal de notícias Chinanews.

Os desenvolvedores de robôs chineses ainda precisam firmar seus passos, e percorrer algum caminho até se sobressaiam entre os demais países. Em King of Bots, por exemplo, apesar de duas equipes da China chegarem às quartas de finais, o grande vencedor da competição foi um time do Reino Unido, levando um prêmio em dinheiro de meio milhão de yuans (quase US$ 79.000) para casa, ao final da temporada.

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