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Conheça os robôs usados para monitorar a política brasileira

Outros projetos pelo País utilizam a tecnologia dos 'bots' para monitorar gastos dos políticos e o andamento de projetos

8 jul 2018 - 05h12
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Para além das eleições, desenvolvedores têm usado os bots para acompanhar a atuação de políticos e incentivar o engajamento dos brasileiros. Sites e aplicativos monitoram, comparam e até notificam eleitores quando há indícios de fraudes e também movimentações em torno de novos projetos de lei.

Um dos exemplos é a Operação Serenata de Amor, criada em 2016 para monitorar gastos abusivos de parlamentares. Ela funciona a partir da Rosie, robô virtual inteligente que organiza os dados de gastos publicados pela Câmara dos Deputados e Senado e os publica automaticamente no Twitter.

Atualmente, o perfil @RosieDaSerenata tem 22,6 mil seguidores com quem o robô compartilha todos os gastos que considera fora do comum. As informações também são publicadas no Jarbas, um banco de dados que reúne todas as informações coletadas pelo bot.

Dois anos depois do lançamento, o foco é ampliar a ideia. A partir de agora, a robô também irá vasculhar contratos de prefeituras feitos fora da lei de licitações. A meta é que o Diário Oficial dos cem maiores municípios do País seja automaticamente auditado por bots até abril do ano que vem.

"A Rosie é o primeiro passo e queremos expandir mais, mas a legislação não nos ajuda muito a levar esse tipo de fiscalização aos municípios, porque as regras são diferentes", diz Eduardo Cuducos, cofundador da Operação Serenata de Amor.

Rodrigo Gallo, professor de Ciência Política da Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo (FESPSP), acredita que serviços que incentivam o monitoramento de políticos são benéficos, porque favorecem o engajamento para além do período eleitoral.

"As ferramentas ajudam em um processo fundamental para formarmos cidadãos críticos", diz. "É necessário ampliar os estímulos para que o interesse não se resuma às eleições."

Acompanhamento. Em São Carlos, no interior de São Paulo, a startup SigaLei segue os passos dos projetos de lei e ações de deputados e senadores eleitos em relação a eles. Para isso, um software monitora e interpreta dados de 29 sites legislativos no País entre assembleias estaduais, Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Depois de capturar as informações, o programa sinaliza quando há novos projetos, a quantas anda a tramitação ou ainda quais temas são de interesse dos políticos. "Automatizamos um processo demorado e difícil", diz Danilo Oliveira, cofundador do SigaLei.

Mão na massa. O uso de tecnologia para o bem não se resume ao monitoramento de políticos. O Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), por exemplo, criou a plataforma Mudamos, que coleta assinaturas para projetos de lei de iniciativa popular.

Para evitar fraudes, os desenvolvedores do instituto lançaram mão do blockchain, a tecnologia por trás da moeda virtual bitcoin. É por meio dela que são registrados digitalmente os dados de quem apoiou o texto do projeto de lei.

Apesar da facilidade, Marco Konopacki, coordenador de projetos do ITS-Rio sabe que a tecnologia não vai resolver todos os problemas.

Ainda é necessário que as pessoas se engajem para o movimento dar certo: no caso do Mudamos, ainda não foram registradas assinaturas suficientes para que o primeiro projeto de lei seja enviado à Câmara dos Deputados.

"O desafio tecnológico é grande, mas a falta de cultura e engajamento político é a principal barreira e ainda não conseguimos quebrá-la aqui no Brasil", lamenta Konopacki.

Estadão
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