Amazon e Facebook chegam aos e-sports: sucesso ou fiasco?
Os e-sports se transformaram numa espécie de “eldorado” da era da internet. Mas será que tem espaço para todo mundo?
A indústria de jogos sofreu muitas mudanças na última década. Streamers de jogos, como o popularíssimo Ninja, alcançaram a fama mundial; torneios de e-sports são exibidos em todo o mundo e universidades agora oferecem cursos sobre e-sports e sobre a indústria de jogos. Os e-sports rapidamente se tornaram parte dos esportes que mais crescem no mundo, atraindo mais de 6,5 milhões de pessoas apenas no Reino Unido.
Então, quando e como os jogos ficaram tão populares? E o que podemos esperar da indústria de jogos no futuro próximo?
Como muitas outras inovações tecnológicas do Século 21, a capacidade de se conectar pela internet é uma das razões pelas quais os jogos experimentaram um aumento tão grande na popularidade. A PwC prevê que o mercado crescerá 6,7% nos próximos 5 anos e valerá cerca de 5 bilhões de libras. As pessoas se tornaram muito mais acessíveis e conscientes do que as tendências estão decolando neste mundo conectado, o que significa que hobbies como games se tornaram muito mais fáceis de aprender e se transformar em profissão. Agora, você pode aprender como jogar pelo YouTube, encontrar parceiros no Xbox Live, mostrar suas habilidades no Twitch e até formar sua própria equipe de e-sports e jogar profissionalmente.
O mundo dos jogos é tão grande e diversificado que muitas vezes os jogadores migram para uma plataforma ou serviço de torneio com o qual se identificam mais. Starcraft, por exemplo, tem jogabilidade, cultura e ambiente completamente diferentes em comparação com o League of Legends, mas no momento não há um serviço que possa acomodar as necessidades de ambos os conjuntos de jogadores. Embora as comunidades de jogos geralmente se atenham à plataforma que funciona melhor para elas, também não são tímidas quando se trata de experimentar coisas novas. Você só precisa olhar para o hype em torno de um novo lançamento.
Os jogadores muitas vezes competem uns com os outros para ver quem pode completar o jogo primeiro e eles adoram quando algo inovador e diferente entra em cena. E enquanto há uma variedade de ótimos serviços para torneios, nenhuma das plataformas realmente supre todas as necessidades. Não há um serviço adequado para todos os tipos de jogos e usuários.
No entanto, duas das maiores empresas de tecnologia tentam ultrapassar barreiras e lançar suas próprias plataformas para a indústria de jogos e e-sports.
Recentemente, o Facebook anunciou uma nova plataforma de streaming que permite a transmissão de jogos ao vivo. Soa familiar, certo? O Twitch já desenvolveu uma plataforma de streaming de sucesso similar, então por que parece que o Facebook está tentando reinventar a roda aqui? Os jogadores não querem outra plataforma do tipo Twitch quando eles já têm uma, mas o banco de dados do Facebook é uma arma poderosa que o Twitch não pode igualar e é aí que está o problema.
Se o Facebook conseguir envolver seu público no uso dessa nova plataforma ― como vimos recentemente com os stories do Instagram ―, eles podem ter sucesso aí.
Enquanto isso, a Amazon anunciou um novo serviço de torneios online, o GameOn, que permite aos desenvolvedores de jogos adicionar competições semelhantes a e-sports nos jogos ― e esse mercado não é um empreendimento novo para a Amazon. Na verdade, em 2014, eles compraram o Twitch, o que acabou sendo um investimento bem-sucedido (a menos que o Facebook assuma, é claro), então sabemos que eles têm os recursos para obter outra plataforma de e-sports.
No entanto, a Amazon enfrenta o mesmo problema que o Facebook: já existem muitos serviços de torneios de jogos online no mercado. Então, como se diferenciar dos outros? Para realmente impressionar a comunidade de jogos, essas empresas terão que ser inovadoras com o tipo de recursos que implementam em seus serviços e ir além de trazer apenas outro torneio ou serviço de streaming, que poderia se perder na mistura.
As expectativas são altas com o envolvimento da Amazon e do Facebook no mercado de e-sports e jogos em geral, mas talvez seja melhor baixá-las. As grandes empresas não têm problemas em cortar projetos que não decolam, e se a Amazon e o Facebook não fizerem isso funcionar, essas plataformas poderão desaparecer tão rapidamente quanto apareceram. Vamos observar de perto como esses projetos se desenrolam e se essas gigantes realmente deixarão sua marca nesse mercado.
(*) Patrick Souillere e gerente global de marketing para games e e-sports da Ballistix