Carro autônomo atropelou Ana Maria Braga por freio não acionado
Segundo o coordenador do projeto, acidente aconteceu ao trocar o controle do veículo do modo automático para o modo humano
O acidente que terminou no atropelamento da apresentadora Ana Maria Braga no programa Mais Você, da TV Globo, foi causado por uma falha humana. Segundo o coordenador do projeto do carro autônomo do Laboratório de Computação de Alto Desempenho da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), professor Alberto Ferreira de Souza, foi ao desligar o modo automático do veículo que o acidente aconteceu.
"O carro operou maravilhosamente bem durante todo o programa, mas houve uma mudança no script e eu fiquei fora do carro. Quando eu passei o carro para o controle humano, ele estava sem o freio de estacionamento acionado, e acabou indo para trás", afirmou o professor.
Durante a transmissão do programa Mais Você na manhã de segunda-feira, Ana Maria demonstrava o funcionamento do veículo, que se movimenta sem motorista com o auxílio de câmeras externas e sensores. No entanto, quando desceu do carro para conversar com os criadores do sistema, o carro subitamente se moveu e a porta, que estava aberta, atingiu a apresentadora, que caiu no chão.
O projeto
O projeto já é desenvolvido há um ano e meio por uma equipe de 15 pessoas, entre professores, estudantes de pós-graduação e graduação da Ufes. O sistema de câmeras e sensores desenvolvido pelo laboratório permite que o carro, por meio das câmeras e sensores a laser que giram em cima do veículo, identifique o percurso e desvie de obstáculos.
Segundo o coordenador do projeto, o desenvolvimento do carro é uma forma de compreender a mente humana. "Estamos estudando como o ser humano vê o mundo. O carro, com câmeras e sensores a laser, vê o mundo também. O nosso desafio é fazer o computador entender o universo onde o carro habita", disse.
Atualmente, a tecnologia do carro já permite que ele compreenda o mundo externo ao computador. "Ele cria um mapa e entende onde tem estrada, onde tem obstáculo. Com isso, ele consegue descobrir o melhor caminho para atingir o objetivo", afirma o professor.
O carro, no entanto, não consegue ainda identificar placas e sinais de trânsito, objeto atual da pesquisa. "São as peças que faltam para trafegar em via pública, o que deve acontecer até meados do ano que vem", disse. O plano é que o carro siga por um trajeto de cerca de 50 quilômetros entre o campus da Ufes a Guarapari, no Espírito Santo.
Depois de toda a repercussão que o acidente ao vivo na TV causou, o professor diz não acreditar que o caso tenha prejudicado a pesquisa. "Eu acredito que o carro autônomo vai ser muito mais seguro. Quando for uma realidade, a vida das pessoas vai melhorar", conta, dizendo que a equipe pode sofisticar a passagem do veículo do modo automático para o humano.
Outros projetos
A pesquisa mais destacada na área de veículos autônomos é a do Google, que já está em testes nas ruas de alguns Estados americanos. Em agosto do ano passado, o Google anunciou que seus carros já haviam circulado mais de 480 mil quilômetros em testes.
O Brasil também tem outras pesquisas sobre o assunto. Desde outubro de 2010, os pesquisadores do Laboratório de Robótica Móvel da USP de São Carlos desenvolvem o CaRINA (Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma). Os pesquisadores do Laboratório de Robótica Móvel da universidade desenvolvem testes experimentais com modelos também dotados de sensores e softwares que permitem um controle autônomo do veículo.
Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento de Veículos Autônomos (PDVA) trabalha desde 2007 com o aperfeiçoamento de dispositivos que permitem o controle autônomo do veículo, mas sem substituir o motorista.
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