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Conheça o Garoa Hacker Clube, o 1º hackerspace do Brasil

24 ago 2011 - 15h11
(atualizado às 15h18)
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Reunindo centenas de apaixonados por tecnologia no mundo todo, os hackerspaces são locais onde pessoas com interesses em comum (tecnologia, ciência, eletrônica, Arduino, entre outros) se encontram e podem conversar, trocar ideias, colaborar e trabalhar em projetos diversos.

Usuário olha na tela do computador o site da lei Hadopi, que desde 2009, na França, regula as atividades na internet
Usuário olha na tela do computador o site da lei Hadopi, que desde 2009, na França, regula as atividades na internet
Foto: AFP

Os hackespaces estão crescendo em todo o mundo nos últimos anos, com destaque na mídia. A "lista":http://hackerspaces.org/wiki/List_of_ALL_hackerspaces do site hackerspaces.org já apresenta mais de 500 organizações, 6 delas no Brasil.

As atividades típicas de um hackerspace são o compartilhamento de conhecimentos, a realização de testes e experimentos diversos, apresentações, cursos, palestras e atividades sociais, como eventos, jogos e festas.

As principais áreas de pesquisa são em desenvolvimento de softwares, jogos e aplicativos, eletrônica (como automação e projetos arduino) e engenharia, mas é possível criar um hackerspace de qualquer tema - existe até um apenas para biólogos, o o DIYbio, desde que haja um grupo mínimo de interessados.

A ideia do hackerspace é oferecer a infraestrutura necessária para estas atividades: salas, energia, servidores e acesso à internet, equipamentos diversos (áudio, projetor de vídeo, peças etc.), videogames e ferramentas variadas, além de alimentação e outros itens para o bem-estar dos participantes.

Atualmente, no Brasil, o principal grupo é o Garoa Hacker Clube, um laboratório comunitário em São Paulo criado por hackers, administrado por hackers e com uma estrutura na qual pessoas e grupos podem conduzir projetos de forma autônoma, sem influências externas.

O Garoa Hacker Clube

Formado por cerca de 20 sócios - que são desde estudantes e profissionais de tecnologia até artistas plásticos, o Garoa HC é o primeiro hackerspace nacional, e foi inspirado em outros grupos do mundo, como o Noisebridge em São Francisco e o Metalab em Viena.

A história do Garoa começou em 2009, com um post no blog de Hugo Borges, (a.k.a. Agaelebe), desenvolvedor de software e sócio-fundador do grupo, que procurava interessados em participar do seu projeto de hackerspace. Hugo conheceu esses espaços em reportagens do jornal The New York Times e da revista Wired, mas ainda não havia nenhum no Brasil.

Borges contou à Geek que, na Campus Party de 2010, ele encontrou alguns interessados e fez uma apresentação sobre o conceito de hackerspaces, junto com outro fundador do grupo, Anchises de Paula, que já havia visitado o Metalab e conhecia bem o conceito.

A situação do grupo ficou sendo discutida na internet até ganhar tração em uma reunião presencial, em 15 de julho de 2010. Esse é considerado o verdadeiro início do Hackerspace. O encontro foi proposto por Felipe Sanches (aka Juca), membro do PoliGNU ¿ e que atualmente é o presidente do Garoa HC.

O decorrer do processo foi muito rápido: um mês após a reunião, o grupo já havia ido atrás de uma assessoria contábil para abrir a empresa e começado a arrumar o porão alugado na Casa da Cultura Digital (CCD), colocando prateleiras e organizando as doações que receberam.

A sua fundação oficial, porém, ocorreu apenas em 20 de fevereiro deste ano, quando o estatuto ¿ que traz, entre outro outros, os direitos e deveres dos associados ¿ foi finalizado e 11 os cargos de cada fundador foram definidos. Entre estes fundadores estão Luis Herique Fagundes (a.k.a. Asa), que é também um dos criadores do Hacklab , e Marcelo Rodrigues, dono da comunidade Laboratório de Garagem.

A instituição não tem fins lucrativos e, por princípio, não aceita patrocínio ou qualquer "parceria" que possa afetar sua autonomia. O Garoa HC é hoje sustentado majoritariamente pelas contribuições de seus próprios associados.

Mas Hackers não são "do mal"?

Em entrevista à Geek, o engenheiro Aylons Hazzud, outro sócio-fundador do grupo, esclarece o mal-entendido a respeito do termo "hacker". Muita gente entende que hackers são ligados ao crime e a outras atividades ilegais, mas na verdade eles são "amantes da tecnologia", pessoas que compreendem tão bem o funcionamento de algo que são capazes de fazê-lo atuar para um propósito diferente do qual foi criado, explica Hazzud.

Ele ainda complementa que o termo remete aos anos 50, e não está relacionado apenas a computadores, já que hacker é alguém que faz sistema agir de uma maneira que não era esperada pelo projetista, capaz de dominar o comportamento de um sistema além do que o próprio criador pensou, em qualquer área, e não necessariamente de maneira ilegal.

Como surgiram os hackerspaces?

O conceito de hackerspace não é algo recente. Surgiu por volta de 2008 e hoje já conta com grupos famosos mundialmente, a grande maioria concentrada na Europa e EUA, como o Chaos Computer Club e o C-Base, na Alemanha, cujos membros participam de competições de naves espaciais (como o X-Price) e foram os responsáveis por hackear o PS3.

O Metalab, em Viena, é um dos maiores e mais ativos do mundo. Já os membros do NYC Resistor criaram a famosa impressora 3D Makerbot. Também são muito conhecidos o C4 em Colônia, o Cyberpipe na Eslovênia e o Cowtown Computer Congress em Kansas City.

Um mais recente, porém muito significativo, é o Noisebridge, em São Francisco, onde participa o pesquisador e integrante do WikiLeaks Jacob Appelbaum.

E no Brasil?

Além do Garoa HC, de São Paulo, existem outros grupos como o Weekend Thinkers, o ambientalista Mirako Concept e o Hackerspace Rio - os três no Rio de Janeiro, o UDESC, em Santa Catarina, o Arduíno Brasília, no Distrito Federal, e o ainda em incubação Laboratório Hacker de Campinas (LHC), e a tendência é surgirem cada vez mais hackerspaces por aqui.

Tem ainda um hacklab (praticamente o mesmo que "hackerspace", mas de tamanho reduzido) em São Paulo, no bairro da Água Branca. Seu nome é exatamente este: Hacklab.

Qualquer pessoa pode frequentar as atividades e o laboratório do Garoa HC, mas, se você quiser ir mais além e for maior de 18 anos, pode se associar ao grupo, entrando na lista de discussão (groups.google.com/group/hackerspacesp) e participando das atividades no local. Para saber mais sobre o grupo e conhecer a agenda de eventos, basta acessar o site Garoa.net.br. Os integrantes também possuem o canal #garoa na rede FreeNode, com este link de acesso.

Você também pode ter seu próprio hackerspace!

Para você que não é de São Paulo ou tem outras ideias e quer montar seu próprio hacker clube, Hugo Borges explica que um dos principais elementos para o sucesso de um hackespace é, exatamente, o espaço. A localização e o tamanho do lugar devem ser bem planejados.

Hugo sugere que um espaço de cerca de 100 m² deve ser suficiente para comportar 30 pessoas, e este deve ficar em um local de fácil acesso por transportes públicos, em uma região movimentada, pois muitos geeks adoram trabalhar até tarde.

A segurança é outro ponto importante, e a instalação de um sistema interno de câmeras pode ser um bom projeto para o hackerspace, comenta Borges. Além disso, existem as questões financeiras. Boa parte destes grupos são empresas sem fins lucrativos. Hugo explica que um hackerspace pode atuar tanto como uma empresa normal (e ter como principal receita cursos e eventos) ou como uma ONG, sobrevivendo com a ajuda dos membros (mensalidades) e de patrocínios, o que seria o ideal.

Geek
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