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Ex-engenheiro do YouTube revela "complô" para matar Internet Explorer 6

Desenvolvedores do site de vídeo mais popular do mundo não aguentavam mais ficar semanas adaptando o...

2 mai 2019 - 19h29
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Chris Zacharias, ex-engenheiro do YouTube, contou uma história interessante em uma postagem no seu blog pessoal na última quarta-feira (01). De acordo com ele, em 2009, houve basicamente um "complô" dos desenvolvedores sênior do já maior site de vídeo da internet para "matar" o Internet Explorer 6, navegador que vinha instalado por padrão noWindows XP.

Vale destacar que tudo isso ocorria em um período no qual grandes corporações e mesmo usuários domésticos se encontravam em uma espécie de paralise da informática. Ninguém queria sair do Windows XP (o Windows 7 ainda demoraria uns meses para chegar) ou do IE6 porque a migração significava investir na reforma de sistemas internos arcaicos e remodelar boa parte do suporte que essas companhias ofereciam a clientes e funcionários. Em outras palavras, uma grande parcela da população digitalmente ativa estava amarrada ao passado com o objetivo de economizar uma graninha.

Enquanto isso, desenvolvedores web tinham que se desdobrar para fazer seus sites funcionarem em um browser com oito anos de idade, uma vez que a quantidade de usuários dessa ferramenta ainda era significativa. Eram várias semanas extras de trabalho a cada nova atualização em seus sites só para se adequar ao IE6.

OldTubers

Dito isso, Zacharias revela que, nessa mesma época, o YouTube ainda não estava totalmente integrado à Google — que havia comprado o site três anos antes —, e alguns desenvolvedores sênior tinham permissões de "OldTuber", que lhes possibilitava subir modificações no site como quisessem e quando quisessem, sem previa autorização dos canais padronizados da Google.

E foi com essas permissões que Zacharias e seus colegas ajudaram a matar o IE6. Cansados dos problemas gerados pelo browser e suas tecnologias proprietárias, eles resolveram colocar um banner no YouTube dizendo que o site deixaria de dar suporte ao IE6 da Microsoft em breve, e que os usuários deveriam migrar para o IE8, Firefox3.5 ou Chrome.

Ordem das recomendações de novos navegadores era aleatória, para não priorizar nenhum concorrente (fonte: Chris Zacharias)
Ordem das recomendações de novos navegadores era aleatória, para não priorizar nenhum concorrente (fonte: Chris Zacharias)
Foto: TecMundo

A imprensa de tecnologia notou a mudança quase que imediatamente e começou a repercutir o assunto. Mas como quase toda a falação acerca do fim do suporte ao IE era positiva, os "OldTubers" conseguiram convencer o time de relações púbicas da Google de que aquela era uma boa ideia.

Curiosamente, o próprio Google Drive (Google Docs na época) havia colocado um banner em suas páginas iniciais fazendo o mesmo comunicado dias antes, anunciando o fim do suporte ao IE6. Com isso, a gerência da Google simplesmente achou que o YouTube estava seguindo as iniciativas da empresa e, dessa forma, nenhum dos responsáveis foi punido o demitido.

Em apenas um mês, o tráfego gerado pelo IE6 para o YouTube caiu pela metade, dando à Google pela primeira vez o gostinho do poder que a empresa realmente tinha sobre a web. Com isso, outros serviço da Google — como o finado e abençoado Orkut — começaram a anunciar o fim do suporte ao IE6, e até a Microsoft entrou na onda pouco tempo depois, esperando converter os usuários do antigo navegador para o novo IE8.

No fim das contas, quem mais lucrou com essa história toda foi o Chrome, produto recente da Google que ainda não havia superado o IE na quantidade de usuários globalmente. Contudo, naquele primeiro mês, o declínio do IE6 até que gerou um crescimento igualitário para os três grandes da época.

Anos depois, a Google seria acusada pela Microsoft e por várias outras empresas de práticas de concorrência desleal, usando mudanças no YouTube para "sabotar" navegadores concorrentes do Chrome intencionalmente. A Google negou todas as acusações ao longo dos anos.

TecMundo
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