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Facebook começa integração de apps de mensagem com Instagram e Messenger

Mensagens da rede social de fotos agora vão ganhar recursos disponíveis apenas no Messenger, como réplicas e conversas efêmeras; iniciativa faz parte de plano da rede social para focar em comunicações privadas, anunciado por Zuckerberg no início de 2019

30 set 2020 - 09h10
(atualizado às 12h01)
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Imagem mostra alguns dos principais recursos que vão aparecer no Instagram após a integração
Imagem mostra alguns dos principais recursos que vão aparecer no Instagram após a integração
Foto: Facebook / Estadão

Em 2019, Mark Zuckerberg chamou a atenção do mercado ao propor um plano diferente para o futuro do Facebook: apostar nas comunicações privadas, integrando os aplicativos de mensagens da empresa - o Facebook Messenger, o Instagram e o WhatsApp. Nesta quarta-feira, 30, a companhia coloca no ar a primeira grande medida prática dessa estratégia, unindo contas de conversas dos usuários do Messenger e da rede social de fotos. A partir desta data, será possível ter conta em um app e conversar com um usuário de outro.

"Um grande problema que temos hoje é a quantidade de aplicativos de conversa que usamos. É difícil às vezes saber onde estava aquela mensagem específica. Com essa integração, queremos eliminar isso", disse Loredana Crisan, vice-presidente de design de produto do Messenger, em sessão prévia ao lançamento da qual o Estadão participou. A principal mudança vai acontecer nas conversas do Instagram - até agora, chamadas de Direct. A partir de uma nova atualização, a funcionalidade vai ganhar um visual bastante parecido com o do Messenger, além de 10 novas ferramentas diferentes.

O que muda?

Entre as inovações, há algumas que os usuários do Messenger já conhecem bem, como a possibilidade de replicar ou compartilhar mensagens específicas, alterar a cor da conversa ou até mesmo customizar emojis. Também será possível ter conversas que se autodestroem logo após o destinatário lê-las e convidar amigos para assistir a vídeos - do Facebook Watch ou do IGTV - em uma sala conjunta. Segundo a empresa, o usuário terá de optar por fazer a nova atualização, mas uma vez que esse passo for dado, não será mais possível voltar atrás. "Há uma quantidade de ferramentas que precisam ser integradas para isso dar certo de forma que não poderá ser desfeito", explicou Loredana.

Segundo a executiva, os usuários terão pleno poder de controlar se querem receber mensagens de um contato de outra rede - para quem gosta de separar a vida profissional no Facebook da pessoal no Instagram, por exemplo. Por outro lado, contatos bloqueados em uma rede não estarão automaticamente bloqueados em outra. Para fazer isso, será preciso integrar as contas na chamada Central de Contas, ferramenta que a rede social anunciou nesta terça-feira, 29.

A empresa afirma ainda que as contas dos dois apps seguirão separadas - e que não será necessário, por exemplo, abrir uma conta no Facebook (caso o usuário não a tenha) para utilizar os recursos. Por enquanto, as mudanças acontecerão apenas no chat dos aplicativos do Instagram para iPhone e Android - o Facebook afirma que trabalha para trazer as novidades para a versão web da rede social em breve.

WhatsApp

Visto como terceiro pilar da estratégia de comunicações privadas do Facebook - e o mais importante deles no Brasil -, o WhatsApp deve ficar de fora da integração, mas só por enquanto.

Questionada sobre o aplicativo de mensagens, Loredana afirmou que parte do trabalho desenvolvido pela empresa até aqui foi feito para preservar as características originais dos aplicativos. "O WhatsApp é conhecido por essa simplicidade e teremos muito trabalho para preservá-la para os usuários", disse a executiva.

"Queremos que o sentimento de usar a plataforma se mantenha o mesmo", acrescentou Vishal Shah, vice-presidente de produto do Instagram, que também estava presente na sessão com jornalistas da América Latina. Os dois não forneceram uma previsão sobre quanto a integração de Instagram e Messenger com o WhatsApp pode acontecer.

Estratégia

Revelada no início de 2019, a estratégia do Facebook de investir em comunicações privadas e criptografadas chamou a atenção do mercado - especialmente por ter surgido pouco mais de um ano após o maior escândalo da história da rede social, o caso Cambridge Analytica. A criptografia, aqui, é um ponto chave: por um lado, ela oferece segurança e privacidade aos usuários, mas por outro, também torna mais complexas as investigações por parte de governos para entender se há irregularidades praticadas pela empresa ou até mesmo que circulem entre os usuários.

Na época, especialistas e ativistas em direito digital revelaram preocupações com a forma como os metadados de mensagens - informações que revelam horário, dispositivos e destinatários, mas não falam sobre o conteúdo das conversas - poderiam ser utilizados pela rede para turbinar o bolo de informações que a rede utiliza para direcionar anúncios aos usuários. "A privacidade que preocupa as pessoas é que seus dados não serão protegidos, não a das mensagens", disse David Kirkpatrick, autor do livro O Efeito Facebook, ao Estadão no ano passado, sobre o tema.

Em comunicado publicado nesta quarta-feira com o anúncio, o Facebook afirma que coleta informações dos apps para "melhorar a experiência do produto e manter as pessoas seguras e protegidas". No texto, assinado por Nate Cardozo, gerente de Políticas de Privacidade, a empresa afirma que "não usa o conteúdo de mensagens entre as pessoas no Messenger e no Instagram para segmentação de anúncios", mas não faz menção aos metadados - apenas convida os usuários a visitar sua página de política de privacidade para entender como os dados são coletados e usados.

Estadão
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