Fundada por brasileiro nos EUA, startup Origin recebe aporte de R$ 290 mi
Apresentada como benefício para funcionários de empresas, plataforma da startup atua na organização da vida financeira
Os benefícios corporativos ganharam uma nova escala nos últimos anos. Além dos tradicionais vales de transporte e alimentação, existem hoje opções como o serviço de assinatura de academias Gympass e plataformas de atendimento psicológico - tudo isso para ajudar as empresas a reterem pessoas e melhorarem a produtividade dos funcionários. Mirando esse mercado e focando especificamente no bem-estar financeiro de trabalhadores, a startup Origin, fundada em 2018 pelo brasileiro João de Paula em São Francisco (EUA), anuncia nesta segunda-feira, 20, um aporte de R$ 290 milhões.
A rodada foi liderada pelos fundos 01 Advisors, General Catalyst e o investidor-anjo americano Lachy Groom - com o cheque, a Origin afirma ter superado o valor de mercado de R$ 2 bilhões. No ano passado, a empresa havia captado R$ 63 milhões.
A Origin é dona de uma plataforma que ajuda na organização das finanças dos funcionários, com informações e conselhos personalizados para cada um. Paula, formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), criou a startup ao lado do americano Matthew Watson - o brasileiro já havia fundado em 2011 uma empresa chamada Glio, uma plataforma de resenhas de estabelecimentos como restaurantes e lojas.
Entre os clientes da Origin, há companhias como a rede de ensino à distância Udemy e a empresa de assinatura eletrônica DocuSign - a startup atende clientes nos Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Canadá e Israel. No Brasil, a Origin pretende começar a atender no início de 2022 multinacionais que têm operação no País.
Na prática, para orquestrar as finanças, a startup coleta dados financeiros e informações sobre o estilo de vida e metas dos trabalhadores - uma ideia semelhante ao aplicativo GuiaBolso. A partir disso, a plataforma dá conselhos aos usuários sobre as práticas necessárias a fim de atingir determinado objetivo. Na hora de comprar uma casa, por exemplo, os algoritmos da startup orientam o quanto você pode gastar, quais seriam os empréstimos razoáveis e quais seriam as taxas. Questionada sobre a proteção de dados dos usuários, a Origin afirma que não compartilha as informações com terceiros e que passa por processos rígidos de auditoria impostos pelas instituições financeiras com que trabalha.
Além das sugestões racionais, baseadas em números e dados, o serviço tem um componente humano. "A plataforma também conecta o usuário a especialistas por chat ou videoconferência para recomendar medidas voltadas ao bem-estar financeiro. Em decisões grandes, muitas vezes as pessoas querem discutir o plano com seres humanos", afirma Paula, que mora em São Paulo e atua à distância como diretor de tecnologia da Origin.
Com os novos recursos, o plano é investir em tecnologia e aumentar a equipe, mirando uma expansão global. A empresa tem hoje 70 funcionários, sendo 42 no Brasil (no País, ficam principalmente profissionais de tecnologia) - a meta é contratar mais 100 pessoas nos próximos seis meses.
De fato, para sustentar uma operação global, a Origin precisa de gasolina. "Apesar do estresse financeiro ser um problema global, as causas e as soluções dos problemas são extremamente locais. Na Califórnia, você provavelmente se preocupa mais com hipoteca, crédito estudantil e aposentadoria privada, por exemplo. Em São Paulo, talvez as preocupações maiores sejam cartão de crédito e empréstimo consignado", afirma Paula. "Nosso produto precisa se adaptar a diferentes realidades".