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Inteligência artificial na área jurídica tem baixa adesão

Uso da tecnologia ainda é pequeno dentro de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos de empresas

4 ago 2020 - 09h00
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A inteligência artificial já está presente em processos no dia a dia de profissionais de diversos setores. Algoritmos conseguem prever qual a melhor rota para uma encomenda chegar ao destinatário, economizando tempo de entregadores, por exemplo. A programação também faz com que lojas consigam analisar melhor a entrada e saída de produtos de seu estoque, prevendo o número certo de produtos a se comprar dos fornecedores.

Quando o assunto é a utilização da inteligência artificial no campo jurídico, existem diversas aplicações para a tecnologia, como a previsão de resultados judiciais, gerenciamento e análise de processos e mediação online. A adoção da tecnologia dentro desse setor, no entanto, tem tido um ritmo lento, em comparação com as demais áreas da economia, como o varejo, os serviços financeiros ou a indústria de maneira geral.

A adoção de inteligência artificial dentro do setor jurídico é baixa, apesar das promessas de cortar custos operacionais
A adoção de inteligência artificial dentro do setor jurídico é baixa, apesar das promessas de cortar custos operacionais
Foto: Pixabay

Não são muitas as pesquisas que se dedicam especificamente para identificar a velocidade com que os departamentos jurídicos de empresas e escritórios de advocacia adotam a inteligência artificial. Um estudo encabeçado pela Universidade de Oxford na Inglaterra e no País de Gales, no entanto, pode jogar luz sobre alguns aspectos interessantes do assunto.

Os pesquisadores Mari Sako, John Armour e Richard Parnham entrevistaram 353 representantes de escritórios de advocacia, departamentos jurídicos de empresas e consultorias nos dois países da ilha britânica entre novembro de 2019 e janeiro deste ano. O objetivo do estudo não era só identificar a visão dos profissionais sobre a introdução de tecnologia na área, mas também verificar como a utilização da inteligência artificial tem se dado no setor.

A adoção da tecnologia dentro da área, de acordo com os resultados colhidos pela pesquisa, é baixa. Apenas 27% dos entrevistados disseram que utilizam alguma plataforma de inteligência artifical para pesquisa legal, 16% afirmaram operar algum software para diligência prévia - quando se analisa o risco de um investidor realizar uma transação financeira, e 12% contaram ter acesso a um programa para consulta de dados ou classificação de documentos.

Com perspectiva de otimizar tarefas árduas do dia a dia de advogados e consultores legais, diminuindo tempo de trabalho, a baixa atratividade da inteligência artificial para o setor jurídico pode ter raiz em uma questão mais comportamental do que estrutural. “O modelo tradicional de negócios para um advogado em escritórios é de receber com base no tempo que gastou para atender uma demanda do cliente. Tem sido difícil de superar esse paradigma da profissão”, diz o pesquisador e diretor do curso de Direito, Ciência e Tecnologia de Stanford, Roland Vogl, em entrevista ao Terra.

O pesquisador e diretor-executivo do curso Direito, Ciência e Tecnologia em Stanford, Roland Vogl
O pesquisador e diretor-executivo do curso Direito, Ciência e Tecnologia em Stanford, Roland Vogl
Foto: Stanford Law School / Reprodução

Seja o motivo da baixa adoção comportamental, ou apenas corporativo, nem 30% das companhias do setor jurídico utilizam ferramentas de base tecnológica, como evidenciou o estudo de Oxford. Apesar disso, corporações especializadas no desenvolvimento de soluções em inteligência artificial já tem olhado para a área e lançado serviços específicos para algumas das tarefas cotidianas de advogados.

O caso da companhia Neoway, que trabalha com análise de dados e inteligência artificial com ênfase no desenvolvimento de negócios, ilustra bem essa movimentação para preencher a ausência de tecnologia no mercado do setor jurídico. Em junho deste ano, a empresa lançou o Neoway Lawsuits e o Neoway Legal, duas soluções voltadas para a análise de petições, processos e decisões.

A promessa principal de ambos os produtos é entregar às empresas contratantes de seus serviços tecnologia capaz de ler e analisar casos internos e compará-los com uma base de mais de 345 milhões de processos, obtidos nos principais sistemas de tribunais brasileiros. Essa equiparação, de acordo com a Neoway, oferece melhores previsões sobre decisões judiciais, dá insumos para melhores estratégias jurídicas e corta gastos operacionais.

O chefe de pesquisa legal da Neoway, Ricardo Fernandes
O chefe de pesquisa legal da Neoway, Ricardo Fernandes
Foto: Neoway / Divulgação

“Grandes empresas do ramo financeiro e securitário, por exemplo, possuem contingências de processos judiciais acima de R$ 10 bilhões, como perdas prováveis”, afirma o chefe de pesquisa legal da Neoway, Ricardo Fernandes, ao Terra. “Ferramentas de jurimetria profunda, como a nossa, calculam a probabilidade de êxito ou perda em um caso. Com isso, estamos falando de reduções de dezenas de milhões de reais já no primeiro ano de uso.”

Fonte: Redação Terra
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