Unicórnio: por que startups de sucesso recebem esse nome
Apelido é usado para startups avaliadas acima de US$ 1 bilhão e foi criado por investidora do Vale do Silício em 2013; veja a lista
Nesta terça-feira, 10, o ecossistema brasileiro de startups tem uma marca para celebrar: o QuintoAndar, startup especializada em aluguéis residenciais, se tornou o oitavo unicórnio do País, ao receber uma rodada de aportes de US$ 250 milhões. Unicórnio? Por que startups de sucesso recebem esse nome? E quais são as empresas brasileiras que pertencem a esse grupo? É o que você vai entender neste texto.
O que é um unicórnio?
Unicórnios, na mitologia, são criaturas raras e mágicas. Foi o jeito que a investidora Aileen Lee, do fundo americano Cowboy Ventures, encontrou para descrever as startups que conseguem atingir a marca de US$ 1 bilhão em avaliação de mercado. Startup, vale lembrar, é o nome dado a qualquer empresa de base tecnológica e que consegue crescer seu negócio de maneira escalável rapidamente - o que justifica, para muita gente, que sites de comércio eletrônico não são startups, por exemplo, embora essa seja uma discussão cheia de controvérsias. Outra discussão controversa é se uma empresa pode ser chamada de startup se tiver capital aberto em bolsa.
O que Aileen buscava, na época, era achar uma palavra que demonstrasse como é difícil conseguir que uma empresa alcançasse esse porte. Os números da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) exemplificam bem esse espírito: hoje, no País, existem 12.760 startups, mas apenas oito delas alcançaram o status "raro".
Nos EUA e na China, ecossistemas mais desenvolvidos e que recentemente tiveram diversos unicórnios, já há quem busque um animal mais raro: "o decacórnio" - apelido dado às startups que alcançam a marca de US$ 10 bilhões em valor de mercado. A rigor, a única empresa brasileira que chegou a essa cotação foi o Nubank - uma vez que Stone e PagSeguro, ambas com capital aberto na bolsa de valores americana, só alcançaram esse patamar quando já eram listadas. Há ainda uma série de empresas brasileiras que podem virar unicórnios em breve. Confira-as aqui.
Quais são os unicórnios brasileiros?
99
O que faz: App de transporte
Quando virou unicórnio: janeiro de 2018
Criada em São Paulo em 2012 pelo trio Paulo Veras, Ariel Lambrecht e Renato Freitas, a 99 se tornou um unicórnio em janeiro de 2018, ao ser adquirida pelo equivalente a US$ 1 bilhão pelo grupo chinês Didi Chuxing. Na época, o pagamento total foi de US$ 600 milhões - a empresa asiática já tinha participações na 99 antes de efetuar a compra.
PagSeguro
O que faz: Meios de pagamento
Quando virou unicórnio: janeiro de 2018
Pertencente ao UOL, a empresa de meios de pagamento PagSeguro se tornou um unicórnio brasileiro ao abrir seu capital na bolsa de valores de Nova York. Foi uma das aberturas de capital mais bem sucedidas das companhias brasileiras no exterior: ao final do primeiro dia no mercado, a companhia estava avaliada em US$ 9,2 bilhões. Hoje, vale US$ 15,44 bilhões.
Nubank
O que faz: Cartão de crédito e serviços financeiros
Quando virou unicórnio: março de 2018
Ao receber uma rodada de investimentos de US$ 150 milhões do fundo russo DST Global, o Nubank revelou ao Estado que tinha virado um unicórnio - a empresa, alega, no entanto, que já havia chegado a essa avaliação de mercado antes da rodada. Poucos meses depois, o Nubank foi avaliado em US$ 4 bilhões, ao receber fundos da chinesa Tencent. Em julho deste ano, se tornou a primeira startup brasileira a se tornar um decacórnio, ao receber US$ 400 milhões do fundo americano TCV, chegando à avaliação cerca de US$ 10 bilhões.
Stone
O que faz: meios de pagamento
Quando virou unicórnio: outubro de 2018
Fundada pelo carioca André Street em 2012, a Stone se beneficiou de uma mudança regulatória para crescer no mercado brasileiro de maquininhas de cartão de crédito. Foi crescendo pelas beiradas, buscando espaço em um setor controlado pela dupla Rede e Cielo, e, ao abrir capital na bolsa de valores de Nova York em 2018, chegou à avaliação de unicórnio.
iFood/Movile
O que faz: delivery de comida
Quando virou unicórnio: novembro de 2018
Aqui há um caso de 2 em 1: o iFood, que pertence à holding Movile, recebeu em novembro de 2018 um aporte de US$ 500 milhões dos fundos Naspers e Innova Capital, ligado a Jorge Paulo Lemann. Com isso, a startup de delivery de comida tornou-se um unicórnio e, de quebra, levou junto a sua dona, a Movile, a se tornar outro. Vale dizer que a Movile, além do iFood, também tem investimentos em startups como Sympla e é dona do Playkids.
Loggi
O que faz: entregas
Quando virou unicórnio: junho de 2019
Há algo em comum entre as três startups brasileiras que se transformaram em unicórnios em 2019: todas elas alcançaram tal marca graças a investimentos do grupo japonês SoftBank, que abriu um fundo avaliado em US$ 5 bi para o mercado latino. A primeira delas é a Loggi, fundada pelo francês Fabien Mendez em São Paulo - ele se mudou para o Brasil inspirado pela capa da Economist com o Cristo Redentor decolando. A startup de entregas levantou US$ 150 milhões em uma rodada liderada pelos japoneses.
Gympass
O que faz: serviço de assinatura de academias e atividades físicas
Quando virou unicórnio: junho de 2019
Uma semana depois da Loggi foi a vez da Gympass ganhar o status "mítico": a empresa recebeu um aporte de US$ 300 milhões liderado pelo SoftBank e pelo General Atlantic, fundo americano com experiência em startups. A startup tem um modelo de negócios ousado: oferece um plano de "assinatura de academias e atividade físicas" a empresas, que por sua vez repassa esse sistema como um benefício a seus funcionários. Hoje, está em 14 países, incluindo os EUA.
QuintoAndar
O que faz: aluguel de residências
Quando virou unicórnio: setembro de 2019
Fundada em 2013 pela dupla de empreendedores Gabriel Braga e André Penha, o QuintoAndar intermedia a relação entre proprietários e inquilinos, dispensando a necessidade de seguro fiança, fiador ou caução. Hoje, está presente em 25 cidades brasileiras e fecha 4,5 mil contratos por mês. Virou unicórnio ao receber US$ 250 milhões em uma rodada liderada pelo SoftBank e pelo fundo americano Dragoneer.