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"Os NFTs poderão valer mais do que colecionáveis físicos", diz investidor

David Pakman, sócio da firma americana de venture capital Venrock, acompanha o assunto desde 2018 e discute o futuro da tecnologia em entrevista ao Estadão

22 mar 2021 - 17h01
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US$ 380 mi foi o valor da versão digitalizada da obra “Morons”, de Banksy – o original foi destruído
US$ 380 mi foi o valor da versão digitalizada da obra “Morons”, de Banksy – o original foi destruído
Foto: Divulgação / Estadão

Apesar do barulho nas últimas semanas, o NFT não é uma tecnologia tão nova assim. O recurso começou a chamar a atenção do mercado em 2017, quando a startup canadense Dapper Labs começou a vender NFTs de gatinhos colecionáveis, chamados de CryptoKitties. A empresa atraiu os olhares da firma americana de venture capital Venrock, que liderou uma rodada de investimento de US$ 15 milhões na empresa em 2018.

David Pakman, sócio da Venrock, esteve envolvido ativamente no investimento na Dapper Labs e tem no mundo das criptomoedas uma de suas áreas de interesse. Para ele, o NFT deve perdurar por muitos anos: "Qualquer tipo de bem digital pode ser transformado em um NFT e vendido de uma forma que o dono saberá que ele é o dono. E acho que isso tem um potencial de ser uma inovação significativa, já que agora qualquer artista digital pode monetizar seu trabalho de um jeito muito mais fácil", afirma Pakman, que já passou por empresas como a Apple.

Em entrevista ao Estadão, Pakman explica o potencial do NFT, comenta a euforia em torno da tecnologia nas últimas semanas e questiona a venda de tuítes. Abaixo, confira os melhores momentos.

Por que as pessoas compram NFT?

A humanidade tem um histórico de colecionar coisas. Quase todo mundo já colecionou alguma coisa ao longo da vida, seja sapato, cartas de baseball ou vinhos. As pessoas tendem a colecionar e elas fazem isso por diferentes motivos. Seja pelo prazer de ter aquilo, por status ou por investimento. Existem várias razões, e as pessoas fazem isso há centenas de anos, ou até milhares de anos, no mundo físico. Mas não éramos capazes de ter coleções no mundo digital até o blockchain surgir. Agora podemos ter colecionáveis digitais também, e isso está explodindo em popularidade — acredito que pelo mesmo motivo de que as pessoas simplesmente gostam de colecionar coisas.

O NFT é de fato uma boa oportunidade de investimento?

Alguns sim e outros não. E nem eu nem você sabemos quais são os bons. Esse mercado ainda está em fase de experimentação. Se você olhar para trás, em outras grandes tendências, há exemplos de que comprar os primeiros colecionáveis era uma decisão de investimento inteligente, e há exemplos que falharam. Acho que não saberemos por um bom tempo, mas há uma boa razão para acreditar que colecionáveis digitais podem valer mais que colecionáveis físicos.

Qual é a relação do NFT com direitos autorais?

Não acredito que essa parte de direito autoral é uma área de preocupação no NFT. Nos EUA, quando você cria algo, você imediatamente garante os direitos autorais: como criador, você decide quantas cópias podem ser feitas e quem pode fazê-las. Você tem o poder de decidir isso. Quando você vende essa arte, porém, você não vende com ela o direito autoral, de fazer mais cópias. Nessa mesma linha, quando você vai na (empresa de arte) Christie's, você não ganha o direito autoral porque você não é o criador. Com os colecionáveis digitais funciona da mesma maneira. E não acredito que colecionadores esperam ter o direito sobre aquela peça quando compram um NFT. Quando você vai para uma loja e compra um brinquedo da Disney, que é licenciado pela Disney, você não imagina que tem o direito de fazer cópias daquilo. Não acredito que NFTs são diferentes da forma como compramos colecionáveis no mundo real.

Já existem casos de pessoas mal intencionadas vendendo imagens de artistas por NFT, como se fossem delas. Como evitar esse problema?

É fácil vender um NFT. Uma pessoa que não é a criadora daquela arte pode fazer um NFT daquele item e vendê-lo. E isso é ilegal, porque você está fazendo uma cópia e comercializando algo sobre o qual você não tem direitos. O fato de ser fácil tende a atrair muitas pessoas a fazer. Eventualmente, normas terão de ser estabelecidas para responsabilizar quem faz isso. E tenho certeza que terão casos proeminentes em que o FBI ou outro órgão estabeleça punições contra alguém que criou um NFT sem o direito autoral e seja responsabilizado criminalmente por isso.

Até tuítes estão sendo vendidos com essa tecnologia. Qual é o limite?

Acho que agora estamos vendo muitas experimentações. Eu vi até um site de notícias que colocou um artigo à venda por NFT. Eu não sei se isso é um item colecionável, mas estamos vendo muitas experimentações. O importante sobre NFT é que, quando você o compra, você quer ter a certeza de que tem o direito de propriedade daquilo: a maioria dos NFTs estão sendo construídos em blockchains, em que a imagem associada ao NFT está descentralizada. O que me confunde no caso do Jack Dorsey e do Twitter é que o Twitter é o dono do tuíte. A única forma de exibir o tuíte é pedir para o Twitter exibir. Eles não estão descentralizando os dados do Twitter. Então, quando você compra um tuíte com o nome do Jack Dorsey, amanhã pode ser que seja impossível para você visualizar esse tuíte. Isso não faz sentido para mim. O NFT usa uma estrutura descentralizada.

O NFT é apenas um fenômeno da covid-19 ou é uma tecnologia que deve perdurar?

Acredito que o conceito de NFT vai perdurar por muitos anos. É só uma versão digital do que já vínhamos fazendo no mundo real. Sempre existirão colecionáveis digitais. Só era necessária uma tecnologia para proteger a propriedade. A precificação dos NFTs vai mudar ao longo do tempo, mas não significa que não teremos NFTs no futuro.

Estadão
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