"Não foi falha no protocolo, mas no cumprimento dele", diz infectologista sobre órgãos com HIV
Ligia Pierrotti, coordenadora da Comissão de Infecção em Transplantes da ABTO, comentou o caso, que aconteceu no Rio de Janeiro
O escândalo das doações de órgãos contaminados com HIV no Rio de Janeiro chamou a atenção de todo o Brasil nos últimos dias. Ligia Pierrotti, coordenadora da Comissão de Infecção em Transplantes da ABTO, participou do Terra Agora desta quinta-feira, 17, e destacou o caso como "sem precedentes" e afirmou que futuros doadores ou receptores não devem ter medo.
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"Esse fato de transmissão de HIV é sem precedentes, não temos nenhum fato documentado. O que aconteceu não foi uma falha no protocolo de rastreio, foi uma falha no cumprimento do protocolo. O protocolo não foi cumprido", explicou a infectologista.
O Brasil possui uma das maiores estruturas de transplantes do mundo, e lidera quanto à dimensão no sistema público de saúde, já que 95% dos transplantes feitos pelo SUS. Pierrotti define o programa como "robusto" e "de excelência".
Conforme a coordenadora da Comissão de Infecção em Transplantes explica, todas as etapas de protocolo de rastreio devem ser seguidas à risca. A fiscalização começa quando a pessoa ainda é um potencial doador até a chegada do órgão ao laboratório, além do hospital em que a cirurgia será realizada.
"Todo mundo tem que seguir a regra, e o laboratório não seguiu a regra. Exatamente quais eu não consigo dizer. A gente já viu várias, desde assinatura de laudo por uma pessoa que não era biomédica, suspeita de falsificação de laudo, suspeita de não seguir as recomendações de controle de kit. É impossível dizer hoje quais as irregularidades", continuou.
Ao destacar o problema como uma "falha no cumprimento do protocolo", Pierrotti reforçou a importância da doação de órgãos: "Doar é um ato seguro, e receber é um ato seguro".
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