Troca de identidade faz vítima de enchente ser enterrada como outra pessoa em Muçum
Por conta do equívoco, parentes sepultaram erroneamente o corpo da vítima, acreditando ser um familiar.
Uma família de Muçum, uma das cidades mais atingidas pelas enchentes no Vale do Taquari, sepultou erroneamente o corpo de uma vítima da enchente, acreditando ser um familiar. O equívoco ocorreu durante o processo de reconhecimento dos corpos no Instituto-Geral de Perícias (IGP), que considerou a troca de identidades uma "grave inconsistência".
O IGP abriu uma sindicância para investigar a falha e já informou as famílias da vítima que foi enterrada sob a identidade equivocada e da pessoa desaparecida que foi erroneamente declarada como morta. As identidades dos envolvidos não foram divulgadas.
Segundo o IGP, o corpo foi encontrado em Muçum após as enchentes causadas pelo ciclone extratropical que atingiu o RS. Até o momento, 16 vítimas foram identificadas no município, um dos mais afetados pelo desastre.
Inicialmente, uma análise preliminar das impressões digitais do corpo foi realizada pelo IGP para determinar a identidade. A família supostamente relacionada foi notificada e informada de que o corpo pertencia àquela pessoa. O sepultamento ocorreu no último sábado (9).
No entanto, dois dias depois, o IGP identificou falhas no procedimento e procedeu à exumação do corpo para novos exames. Servidores do órgão explicaram que o estado do corpo não era ideal para identificação por impressões digitais ou reconhecimento familiar. Um exame de DNA acabou confirmando o equívoco.
O IGP declarou que, devido à má qualidade das imagens geradas nas impressões digitais de uma das vítimas, o laudo de correção não pôde confirmar com precisão a identidade do corpo, devido às digitais terem sido prejudicadas pela idade da pessoa e pelo tempo de exposição à água.
A verdadeira vítima foi devidamente incluída na lista de óbitos, enquanto a pessoa erroneamente identificada como o corpo encontrado está passando por exames para a confirmação da identidade. O incidente tem gerado comoção na comunidade de Muçum e levanta questões sobre os protocolos de identificação em situações de desastres naturais.
Leia a nota do IGP
"O Instituto-Geral de Perícias (IGP) informa que houve um erro no processo de identificação de 22 vítimas das enchentes na unidade em Porto Alegre. Após uma segunda reanálise para a confirmação dos resultados, seguindo rotinas de controle interno de qualidade, encontrou-se uma grave inconsistência no resultado de um dos laudos.
Devido à baixa qualidade das imagens geradas na papiloscopia em uma das vítimas, o laudo de retificação não confirmou com exatidão a identidade de um corpo, pois as digitais estavam prejudicadas em função da idade da pessoa e do tempo de exposição na água. O corpo foi apresentado ao familiar e reconhecido por este no momento da liberação.
Para buscar a confirmação da identidade da vítima, então, exames complementares foram realizados, incluindo teste de DNA. Para isso, o corpo foi exumado, atendendo solicitação da autoridade policial, com a ciência de familiares.
O resultado da contraprova de DNA ficou pronto nesta quarta-feira (13/9), atestando o erro de identidade. Os familiares da vítima envolvida já foram comunicados sobre o fato.
Tão logo ocorreu a verificação da inconsistência, uma sindicância foi instaurada pela Corregedoria do Instituto para apurar o caso. Guiado pela transparência, o IGP lamenta o ocorrido e está à disposição para elucidar os fatos."