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Trump demite homem que expôs escândalo da Ucrânia

4 abr 2020 - 12h42
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Presidente dos EUA demite o funcionário de inteligência que recebeu e deu prosseguimento à denúncia anônima que originou processo de impeachment. Democratas afirmam que ele foi dispensado "por dizer a verdade".O presidente dos EUA, Donald Trump, demitiu o inspetor-geral dos serviços americanos de inteligência, Michael Atkinson, que recebeu e deu prosseguimento à denúncia anônima que originou o processo de impeachment do presidente americano.

Em carta ao Senado, Trump afirmou que não tem confiança em Atkinson
Em carta ao Senado, Trump afirmou que não tem confiança em Atkinson
Foto: DW / Deutsche Welle

Segundo uma carta divulgada neste sábado (04/04) pela agência de notícia AP, Trump já informou o Comitê de Inteligência do Senado de sua decisão de demitir Michael Atkinson.

Michael Atkinson foi quem, em agosto de 2019, processou a denúncia que originou o processo de impeachment contra Trump, ao encaminhar a legisladores uma queixa apresentada por um membro anônimo dos serviços de inteligência, apresentando-a, às comissões de supervisão do Congresso, em cumprimento da lei americana.

Na queixa, o denunciante acusava Trump de pressionar o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, para investigar o ex-vice-presidente e atual candidato democrata às eleições presidenciais deste ano, Joe Biden, e o seu filho Hunter Biden, que integrou o conselho de administração de uma empresa ucraniana de gás.

O Senado dos EUA acabou por absolver o presidente Donald Trump, com um único republicano, o senador Mitt Romney, votando contra.

Os democratas não conseguiram obter os 67 votos necessários para condenar o presidente por abuso de poder e obstrução ao Congresso. Após a absolvição, Trump demitiu, sem explicações, diversos membros ligados ao processo de impeachment.

Trump disse na carta ao Comitê de Inteligência do Senado ser "vital" que ele tenha confiança nos nomeados que servem como inspetores gerais, e "isso não é mais o caso em relação a esse inspetor geral". O presidente americano afirmou que Atkinson seria removido do cargo em 30 dias, o tempo necessário que ele deve esperar após informar o Congresso. Ele escreveu que nomearia um indivíduo "que tenha total confiança" em uma data posterior.

Os democratas no Congresso receberam a notícia da demissão de Atkinson com duras críticas. O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, escreveu no Twitter: "Michael Atkinson é um homem íntegro que serve a nossa nação há quase duas décadas. Ser demitido porque teve a coragem de dizer a verdade aos poderosos faz dele um patriota".

O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, descreveu a decisão de Trump como outra tentativa de retaliar "aqueles que ousam expor os delitos do presidente".

Esta não é a primeira demissão ligada ao processo de impeachment. Um especialista do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, o tenente-coronel Alexander Vindman, e o embaixador dos EUA na UE, Gordon Sondland, já foram dispensados de suas funções. Ambos haviam testemunhado contra o presidente diante do Congresso.

As acusações do processo de impeachment

Em 25 de julho do ano passado, Trump telefonou para o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e exigiu que ele abrisse uma investigação sobre os negócios de Hunter Biden, filho de seu provável adversário eleitoral, o pré-candidato democrata Joe Biden.

Segundo os democratas, Trump segurou um repasse de 400 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia e adiou uma visita de Zelenski à Casa Branca para forçar que o governo de Kiev iniciasse as investigações de seu rival.

Michael Atkinson acionou um mecanismo interno de reclamação sobre o telefonema., previsto na lei americana. Os democratas então iniciaram uma investigação sobre a eventual abertura de um processo de impeachment contra Trump. Várias testemunhas foram ouvidas.

Depois de semanas de audiências no Comitê de Justiça da Câmara dos Representantes, os parlamentares acusaram Trump de abuso de poder - porque a investigação do filho de Biden poderia resultar em vantagens eleitorais para o atual presidente - e obstrução dos poderes investigativos - pois a Casa Branca teria dificultado o trabalho dos deputados.

MD/ap/lusa

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