TSE: novos títulos de jovens bate marca histórica em maio
Entre janeiro e abril, o país ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos; para especialista, disciplinas com temas políticos ajudam a esclarecer e motivar os jovens
Com a proximidade da disputa do primeiro turno das eleições de 2022, em 2 de outubro, cresce a expectativa em torno dos cinco cargos em disputa: presidente da República, governador, senador, deputados federais e deputados estaduais. Este ano, o voto de pessoas entre 16 e 18 anos que, por lei, ainda não são obrigados a votar, foi alvo de uma série de campanhas de iniciativas individuais, populares e governamentais.
O incentivo para que os jovens tirem o título eleitoral para participar do pleito ganhou a aderência, inclusive, de celebridades internacionais, como Leonardo DiCaprio, que utilizou o seu perfil nas redes sociais, onde destacou a importância da participação política para a democracia brasileira, cujas decisões podem impactar todo o mundo.
Resultado disso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) celebrou em maio a marca histórica de jovens eleitores que devem participar nestas eleições. Entre janeiro e abril deste ano, o país ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos, um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período em 2018, conforme dados da instância jurídica.
Ainda segundo o TSE, foram registrados 522.471 novos eleitores de 16 a 18 anos em março. Em abril, esse número foi de 991.415 jovens com o primeiro título, uma alta de 89,7% quando comparado ao mês precedente. Este ano, os interessados puderam registrar o título de forma presencial, nos cartórios, pelo sistema Elo e pelo Título Net.
Thiago Reis, diretor-executivo da Centric Learning - que atua no Brasil com o nome de WAY American School e oferece programas de High School 9-12 (do nono ano do Ensino Fundamental ao terceiro ano do Ensino Médio) -, vê com bons olhos o crescente interesse dos jovens por política no Brasil, não apenas na esfera nacional, como também mundial.
"Quando vejo o interesse crescente pelo assunto entre nossos estudantes, considero muito animador, porque aprendemos muito pouco sobre nosso sistema de governo nas escolas e é essencial que eles se interessem e entendam como tudo funciona. Só assim podem contribuir adequadamente como cidadãos', afirma.
O especialista acredita que as campanhas realizadas para que este público tirasse título de eleitor foram assertivas, pois o número de novos títulos quase dobrou. "Em todas as eleições, acompanhamos campanhas para estimular os jovens de 16 a 18 anos a tirarem os seus títulos de eleitor, mas desta vez a campanha ganhou muito mais força, com apoio até de celebridades internacionais - o que mostra a importância desse momento no Brasil e no mundo", analisa. "Espero que isso ajude essa e novas gerações a compreender melhor como funciona o nosso país e nosso sistema governamental, de política e justiça".
Disciplinas com temas políticos ajudam a esclarecer e motivar os jovens
Na visão de Reis, o contexto atual traz à tona a importância da prática de disciplinas que ensinam como se dá o funcionamento das organizações políticas e das engrenagens do poder público para crianças e adolescentes.
"Não há dúvida de que nossos alunos têm um longo currículo escolar para estudar, mas percebemos que é necessário que o próprio funcionamento do governo, do setor político e jurídico brasileiro seja tema de disciplinas escolares. Não podemos nos dar o luxo de deixar que nossos jovens fiquem alheios ao funcionamento do próprio país", afirma.
Neste ponto, o diretor-executivo da Centric Learning destaca que nos Estados Unidos, e no Brasil - em programas de high school americanos -, há disciplinas como a de Civics (Conhecimento Cívico, em tradução livre), que traz um conteúdo especialmente voltado para este assunto. "Alunos de Civics compreendem o básico sobre política ocidental, aprendendo sobre sistema presidencialista, funcionamento do congresso ou parlamento, como se dividem os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e como essas esferas se comunicam para fazer o país funcionar".
Nos Estados Unidos, prossegue, há uma urgência em levar este conhecimento para os estudantes pelo fato de que lá o voto não é obrigatório, o que torna necessário ressaltar sua importância a todo o momento. No Brasil, como o voto é obrigatório a partir dos 18 anos, pode parecer que esse é um assunto que as pessoas serão obrigadas a aprender e entender em algum momento, então não seria preciso fazer muita coisa para isso.
"Só que não dá para ser assim. O problema de deixar nossos estudantes à própria sorte é que eles podem não entender, realmente, a importância e o impacto que eles podem ter no futuro de seu país", pontua Reis. "Mostrar aos jovens como eles são essenciais e protagonistas nesse processo pode lhes dar um senso de responsabilidade em participar das eleições e, também, criar o interesse em participar ativamente desse processo, não só votando, mas participando de debates, sugerindo propostas, e mais", complementa.
A título de exemplo, o especialista cita que no programa de high school da Centric Learning os alunos são incentivados a criar conjuntos de propostas para melhorias de suas comunidades e, inclusive, a entrar em contato diretamente com políticos para apresentá-las.
"Essa é uma proposta relacionada com nossa metodologia ativa de 'Aprendizagem Baseada em Projetos', onde alunos precisam apresentar soluções para problemas e situações reais. É colocando nossos alunos nessas situações de relevância que conseguimos fazer com que eles se sintam responsáveis pelo seu próprio futuro", conclui.
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