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UE pede à Turquia que respeite acordo migratório

9 mar 2020 - 21h21
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Em encontro tenso com presidente turco, líderes da UE reforçam compromisso com acordo de 2016 que vem sendo violado por Erdogan, mas concordam em continuar a dialogar. Líder turco deixa Bruxelas sem falar com imprensa.Os líderes da União Europeia (UE) pediram nesta segunda-feira (09/03) que a Turquia "cumpra" seu compromisso de barrar os migrantes que tentam chegar aos países do bloco, durante uma discussão "franca" com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, em Bruxelas.

O presidente turco Erdogan, o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel,  e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen
O presidente turco Erdogan, o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen
Foto: DW / Deutsche Welle

O presidente turco deixou a capital belga sem obter concessões concretas e seguiu para o aeroporto sem falar com a imprensa. O único ponto acordado que foi divulgado envolve executar um trabalho de avaliação conjunta sobre a implementação do acordo.

O controverso acordo firmado em 2016 entre a UE e a Turquia, que conseguiu reduzir drasticamente a chegada de refugiados e migrantes às costas gregas, foi tema de discussão entre os líderes, depois de duas semanas de tensão entre o bloco e o presidente turco. "Todo mundo tem que cumprir seus próprios compromissos" do acordo, disse o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, em entrevista coletiva depois de conversar com Erdogan e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen .

A reunião procurava acalmar a situação entre a UE e a Turquia, depois que Erdogan, a fim de arrancar mais concessões dos europeus, anunciou em fevereiro que não impediria mais o fluxo dos migrantes em seu solo em direção à fronteira com a Grécia, violando o pacto de 2016. Depois do anúncio do presidente, milhares de migrantes seguiram para a fronteira, obrigando as forças gregas a reforçar a segurança. A ação de Erdogan reavivou o medo de uma nova crise migratória, como a que ocorreu em 2015.

A UE também vem acusando a Turquia de usar os migrantes "para fins políticos", enquanto Ancara, que nega qualquer chantagem, considera a ajuda europeia prevista no pacto insuficiente. Nos termos do acordo, a UE concedeu à Turquia seis bilhões de euros em ajuda financeira para auxiliar a população de refugiados que abrigada na Turquia.

Nesta segunda-feira, os líderes não disfarçaram a tensão durante as conversas. Após o encontro, Erdogan optou por seguir direto ao aeroporto, em vez de participar de uma entrevista coletiva com Ursula von der Leyen e Charles Michel.

"Claramente temos nossos desacordos, mas falamos claramente e falamos abertamente", disse Von der Leyen aos jornalistas. Von der Leyen e Michel enfatizaram que o acordo de 2016 entre a UE e a Turquia permanece válido.

Michel disse ainda que o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, trabalhará com seu colega de exterior turco, Mevlut Cavusoglu, nos próximos dias "para ter certeza de que estamos na mesma página e que temos a mesma interpretação sobre o que fazemos, na Turquia e no nível da União Européia, a fim de implementar o acordo". "Vamos analisar toda a declaração", disse Von der Leyen. "Todos os tópicos serão objeto de discussão e avaliação."

O movimento permite que a UE e a Turquia ganhem tempo com essa questão espinhosa, como evidenciado pelo rápido retorno de Erdogan para Ancara sem falar com a imprensa.

Erdogan não falou com os repórteres após a reunião, apesar de as autoridades turcas terem dito anteriormente que ele planejava fazê-lo. Uma fonte presidencial turca disse apenas: "A reunião na UE foi produtiva".

De antemão, Erdogan havia deixado claro que sua prioridade era buscar mais apoio ao seu país no conflito na Síria e para lidar com milhões de refugiados. Antes de ir para a sede do Conselho Europeu, ele conversou com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e disse: "Nossos aliados devem mostrar solidariedade ao nosso país sem discriminação e sem estabelecer condições políticas". "É muito importante que o apoio que exigimos seja recebido sem mais delongas".

O presidente turco também buscou com sua viagem mais apoio de seus aliados na questão da Síria. Erdogan lançou em 1º de março uma ofensiva contra o regime sírio na província de Idlib antes de firmar uma trégua com Moscou, aliada de Damasco.

Nem a UE nem a Turquia especificaram o conteúdo de toda a discussão. Não ficou claro se a soma de seis bilhões de euros poderá ser revisada para atender os migrantes na Turquia. Questionada se outras exigências de Erdogan, como a isenção de visto para cidadãos turcos que queiram ingressar na UE, podem vir a ser incluídas em novas concessões, Von der Leyen respondeu evasivamente: "Cada questão será uma questão de discussão, de avaliação".

Com a reunião, a UE também quis reiterar seu apoio à Grécia e reforçar a mensagem de que suas fronteiras estão fechadas à migração irregular. A Alemanha também anunciou na segunda-feira que uma coalizão de "voluntários" dos países da UE está considerando receber de até 1.500 crianças migrantes que se encontram nas ilhas gregas "para apoiar a Grécia na difícil situação humanitária".

Além da Alemanha, Luxemburgo, Finlândia, França e Portugal manifestaram vontade de participar desta iniciativa, apoiada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

JPS/afp/ap/ots

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