Uma semana antes de demissão, Lula mandou auxiliar confrontar Silvio Almeida sobre assédios, diz jornal
Chefe do Executivo já estava ciente das acusações de assédio que teriam como uma das vítimas a ministra Anielle Franco
Uma semana antes de virem a público as denúncias de assédio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia determinado um auxiliar para confrontar o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Na ocasião, a acusação se referia a Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial. Tanto Lula quanto Janja já sabiam da situação.
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Segundo a Folha de S.Paulo, Lula foi alertado por outro ministro sobre um susposto desvio de conduta do agora ex-titular da pasta de Direitos Humanos. O chefe do Executivo, então, solicitou que Vinicius Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), averiguasse a situação com Silvio Almeida.
A reunião foi concluída com Almeida negando qualquer ato impróprio com Anielle. A ministra não formalizou nenhuma denúncia contra o então colega. Ainda segundo a Folha, pessoas próximas à ministra contaram que ela preferiu não levar o caso adiante, para evitar desgaste no governo.
Até o momento, as assessorias de Lula e Janja ainda não se manifestaram sobre essa informação. Em entrevista uma rádio em Goiânia (GO), o chefe do Executivo afirmou que apenas teve conhecimento da acusação de assédio na última quinta-feira, 5, após uma denúncia da ONG Me Too Brasil. O presidente demitiu Silvio Almeida na sexta-feira, 6.
De acordo com rumores, Anielle Franco havia relatado a situação a amigos próximos e a alguns integrantes do governo, entre maio e junho do ano passado. Mesmo incentivada a levar o caso adiante, a ministra preferiu não formalizar a denúncia por não ter provas o suficiente para sustentar a sua versão dos fatos. Além disso, fontes afirmaram que ela não queria expor os familiares
Após a demissão de Silvio Almeida, Anielle Franco publicou uma nota em suas redes sociais na qual critica as "tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade".
"Não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência", escreveu ela, que pediu respeito à sua privacidade.
Fontes ligadas à pasta de Direitos Humanos afirmaram que ao menos desde janeiro integrantes do Palácio do Planalto já sabiam das suspeitas de assédio contra a ministra Anielle Franco. Em nota, Silvio Almeida negou as acusações.