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Vacina contra HIV se mostra promissora em testes com humanos e macacos

O tratamento conseguiu fazer com que o sistema imunológico de pessoas vacinadas produzisse respostas contra o HIV - porém, não é possível saber se isso seria suficiente para evitar a contaminação pelo vírus. Já no teste com macacos, 67% dos animais vacinados ficou de fato protegida contra o HIV.

6 jul 2018 - 23h34
(atualizado às 23h46)
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Imagem de uma mão com luva azul segurando uma amostra de sangue com a etiqueta HIV positivo
Imagem de uma mão com luva azul segurando uma amostra de sangue com a etiqueta HIV positivo
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Uma nova vacina contra o HIV apresentou resultados promissores. O tratamento conseguiu fazer com que o sistema imunológico de pessoas vacinadas produzisse respostas contra o HIV, segundo um estudo publicado na revista científica Lancet. Porém, ainda não é possível saber se essas pessoas não seriam contaminadas pelo HIV se tivessem contato com o vírus.

"Os desafios no desenvolvimento de uma vacina contra o HIV não têm precedentes. A capacidade de induzir uma resposta do sistema imunológico contra o HIV não necessariamente significa que a vacina vai proteger humanos contra a infecção", alerta Dan Barouch, professor de medicina da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, e coordenador do estudo.

Em paralelo, foi realizado um estudo com macacos, também com resultados animadores. Os animais foram vacinados contra um vírus semelhante ao HIV, mas que afeta os macacos, e 67% deles ficaram protegidos contra o vírus.

Cerca de 37 milhões de pessoas no mundo vivem com o vírus do HIV. A cada ano, estima-se que mais 1,8 milhão de pessoas sejam infectadas.

Apesar dos avanços no tratamento contra o HIV, ainda não foram descobertas nem a cura nem uma vacina capaz de proteger contra o vírus. Entre os avanços já obtidos está a profilaxia pré-exposição, chamada de Prep, que pode previnir a infecção pelo vírus do HIV, desde que tomada regularmente.

A invenção da vacina tem se mostrado um desafio gigantesco para os cientistas. Um dos motivos é que há muitas variedades de vírus HIV. Tentativas anteriores de criar uma vacina se limitaram a tipos específicos do vírus.

Além disso, outra dificuldade é que o vírus sofre mutações para evitar ser atacado pelo nosso sistema imunológico.

Mas, no caso dessa nova vacina, os cientistas desenvolveram um tratamento a partir de partes de diferentes tipos de vírus do HIV - uma espécie de mosaico.

Imagem de duas mãos com luvas azuis segurando uma seringa e um frasco de vacina
Imagem de duas mãos com luvas azuis segurando uma seringa e um frasco de vacina
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Como foi feita a pesquisa?

Os cientistas testaram diversas combinações da vacina mosaico em 393 pessoas de 18 a 50 anos, que não tinham HIV e estavam saudáveis. Os participantes foram selecionados aleatoriamente nos dos Estados Unidos, Ruanda, Uganda, África do Sul e Tailândia. Cada um deles recebeu 4 vacinas ao longo de 48 semanas - cerca de 1 ano. Algumas delas eram as vacinas reais que estavam sob testes; outras, eram placebos.

Todas as combinações de vacina testadas fizeram com que o sistema imunológico do corpo humano produzisse uma resposta contra o HIV. Além disso, todas elas foram consideradas seguras para aplicação em seres humanos.

Já no estudo com macacos, foram vacinados 72 animais do tipo rhesus, selecionados aleatoriamente. O resultado foi que uma das combinações de vacina testada também gerou resposta imunológica, da mesma forma que ocorreu com os humanos, e foi capaz de proteger 67% dos macacos contra o vírus.

A próxima etapa do estudo será o tratamento de 2,6 mil mulheres no sul da África, que enfrentam o risco de contrair a doença.

Essa é a quinta vacina contra o HIV que chega a essa fase de teste de eficácia com grupos da população. Dentre elas, apenas uma gerou evidências de que é capaz de proteger contra o HIV. Testada na Tailândia, reduziu a chance de infecção por HIV em 31% - percentual considerado muito baixo para introduzir o uso da vacina.

Michael Brady, diretor médico do Terrence Higgins Trust, instituição britânica de caridade que atua na área do combate ao HIV, acredita que ainda é cedo para comemorar, mas que os resultados foram promissores."É importante ter cautela e ter clareza de que ainda há muito trabalho a se fazer antes que uma vacina contra o HIV, efetiva, seja disponibilizada".

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