Vazão do Rio das Antas supera estimativa de recorrência de 10 mil anos
Cheia histórica do Rio Taquari causou destruição sem precedentes após vazão do Rio das Antas ultrapassar cálculos de engenharia.
A recente enchente que devastou a região, resultando na destruição da ponte em Nova Roma do Sul e causando um número significativo de vítimas, revelou-se um evento de extrema magnitude. A vazão do Rio das Antas, responsável por desencadear a catástrofe, surpreendeu ao superar as previsões probabilísticas de engenharia, que indicavam uma recorrência estimada a cada dez mil anos. Na segunda-feira, 4 de setembro, a Usina Hidrelétrica de Energia (UHE) Castro Alves, operada pela Companhia Energética Rio das Antas (CERAN), registrou uma vazão afluente de 9.783 metros cúbicos por segundo às 18h, ultrapassando a vazão decamilenar projetada, com uma probabilidade de ocorrência de apenas 0,01%.
A região enfrentou chuvas excepcionais no início do mês, com acumulados variando entre 200 mm e 400 mm, atingindo a Metade Norte do Rio Grande do Sul. Em algumas áreas, como Passo Fundo, estes valores chegaram a 390 mm. Estações meteorológicas históricas, como a de Passo Fundo, que registrou 164,4 mm em 24 horas, confirmaram que essas chuvas intensas foram resultado de uma área de baixa pressão com um rio atmosférico, agravada pela passagem de uma frente fria, causando instabilidade e precipitações extremas.
A combinação desses fatores culminou em uma elevação extraordinária do Rio das Antas, acelerando a correnteza e inundando os vales, provocando enchentes repentinas e destrutivas. Esse evento singular desafiou as estimativas mais pessimistas de vazão, demonstrando a extrema raridade de tal precipitação.
A CERAN emitiu uma nota oficial, expressando solidariedade com as vítimas e afirmando que suas barragens, projetadas com vertedouros do tipo soleira livre, não têm capacidade de regular o fluxo do rio. Durante o evento, todas as estruturas foram monitoradas em tempo real, sem apresentar anomalias que indicassem risco de rompimento. A empresa reforçou o cumprimento de todos os protocolos de segurança de barragens e colaborou com as Defesas Civis locais para garantir a segurança da população.