Venezuela prende militares que se rebelaram contra Maduro
Grupo de supostos insurgentes da Guarda Nacional apareceu em vídeo exigindo a renúncia do presidente e pedindo apoio à população.
As Forças Armadas da Venezuela afirmaram nesta segunda-feira (21) que um grupo de militares que havia se rebelado contra o governo do presidente Nicolás Maduro foi "rendido e capturado", após tentar promover uma insurgência com apoio da população.
A prisão do grupo foi divulgada horas após o surgimento de vídeos postados nas redes sociais em que membros da Guarda Nacional Bolivariana - entidade que compõe as Forças Armadas - aparecem pedindo a renúncia de Maduro.
Em um dos vídeos, um homem que se identifica como terceiro sargento Figueroa aparece convocando a população a se rebelar contra o governo. "Vocês pediram que saíssemos às ruas para defender a Constituição. Aqui estamos. As tropas estão aqui", afirma ele.
Segundo as Forças Armadas, um grupo de agentes que aparecem no vídeo sequestrou o capitão encarregado de um posto da Guarda Nacional no oeste de Caracas. Em seguida, cruzaram a capital venezuelana em dois veículos militares em direção ao bairro de Petare, onde roubaram armamentos de outro posto policial.
Eles teriam encontrado resistência e sido presos horas depois num terceiro posto no bairro de Cotiza, a poucos quilômetros do palácio presidencial de Miraflores. Todas as armas roubadas foram capturadas, informaram os militares.
Em Cotiza, alguns moradores ergueram barricadas nas ruas e atearam fogo em latões de lixo em apoio aos insurgentes, mas acabaram sendo dispersados por tropas com gás lacrimogêneo.
Em comunicado, as Forças Armadas afirmaram que o incidente foi causado por um "grupo reduzido" de membros da Guarda Nacional. Os militares rendidos prestaram depoimento aos órgãos de inteligência e à Justiça militar e, segundo a nota, os quartéis estão operando "sob completa e absoluta normalidade".
As Forças Armadas atribuíram a insurgência a "interesses obscuros da extrema direita" e disseram que os envolvidos serão tratados com "todo o peso da lei".
O líder oposicionista Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, afirmou que o incidente é um sinal do crescente descontentamento por parte de militares com o governo Maduro.
"Nossos militares sabem que a cadeia de comando está rompida pela usurpação da presidência", afirmou o líder do parlamento no Twitter, reiterando a promessa de apoiar todos os agentes que trabalharem para restaurar a ordem democrática no país.
Maduro, que assumiu um novo mandato no início do mês, está sob forte pressão para deixar o poder após seu governo ser considerado ilegítimo por diversos países, entre eles os Estados Unidos e 13 nações das Américas que compõem o Grupo de Lima, incluindo o Brasil.
Apesar da hiperinflação e escassez de recursos gerada pela grave crise econômica que o país atravessa, bem como o amplo descontentamento da população com o governo, acredita-se que Maduro ainda tenha a lealdade do comando militar no país.