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Violência irrompe no México após prisão de filho de El Chapo

6 jan 2023 - 12h25
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Confrontos matam ao menos 29 pessoas. Indiciado nos EUA, Ovidio Guzmán é um dos herdeiros do Cartel de Sinaloa. Ele foi capturado em 2019, mas acabou livre após onda de ataques.Violentos protestos ocorreram no estado de Sinaloa, no México, após a prisão de Ovidio Guzmán López, um filho do narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán nesta quinta-feira (05/01). O líder do Cartel de Sinaloa foi detido quatro dias antes da chegada do presidente americano, Joe Biden, ao México, para a Cúpula de Líderes da América do Norte.

Reduto do poderoso cartel de drogas, a cidade de Culiacán, no norte do México, foi o epicentro dos confrontos. O governo de Sinaloa afirmou que pelo menos 29 pessoas morreram, incluindo 10 militares e 19 de supostos integrantes dos grupos criminosos que promoveram os distúrbios violentos.

A prisão de Ovidio gerou bloqueios em diferentes estradas em Culiacán, capital do estado de Sinaloa, além de distúrbios em diferentes partes da cidade, veículos foram incendiados e há relatos de civis sendo retirados de seus carros por volta das 4h30 (horário local), o que paralisou a cidade.

O aeroporto do Culiacán, de Mazatlán e de Los Mochis foram fechados por segurança. Um avião da Aeromexicano que estava no aeroporto da capital de Sinaloa chegou a ser atingido por um tiro. Homens armados teriam invadido o aeroporto da cidade para impedir que Guzmán fosse levado para outra região do país.

Testemunhas relataram que a onda de violência, com bloqueios de ruas com carros queimados, teve início horas antes de o governo mexicano confirmar a prisão de Ovidio. Moradores de Culliacán postaram vídeos nas redes sociais mostrando comboios de homens armados em picapes e SUVs circulando pela cidade. Todas as entradas da capital do estado foram bloqueadas. Houve relatos de saques em lojas.

Pedido para ficar em casa

Após os eventos, Cristóbal Castañeda Camarillo, secretário de Segurança Pública de Sinaloa, pediu à população que ficasse em suas casas por motivos de segurança. "Existem diferentes bloqueios na cidade. Agora o convite aos cidadãos é que se eles não têm necessidade de sair, não saiam", disse.

A Secretaria da Educação Pública do estado suspendeu as atividades escolares, assim como o governo de Sinaloa, que pediu a seus funcionários que ficassem em casa diante da violência. Já a embaixada dos Estados Unidos no México alertou os cidadãos americanos sobre os acontecimentos em Sinaloa e pediu que eles evitem ir para essa região.

A violência desencadeada pela prisão provocou temores entre moradores da região por causa das memórias do controverso "culiacanazo", uma operação policial na qual forças federais prenderam Ovidio em 17 de outubro de 2019, mas o libertaram horas depois por causa de atos violentos do Cartel de Sinaloa.

Quem é Ovidio Guzmán

Ovidio Guzmán López, "El Ratón", foi capturado nesta quinta-feira durante uma operação policial marcada por confrontos a tiros em Caliacán. Ele e seu irmão Joaquín Guzmán López foram indiciados nos Estados Unidos sob a acusação de associação criminosa relacionada a drogas ilícitas.

De acordo com as autoridades americanas, os irmãos se uniram para distribuir cocaína, metanfetamina e maconha do México e de outras partes do mundo nos EUA de 2008 a 2018.

Ovidio, de 32 anos, é dos filhos mais famosos e mais procurados de El Chapo. Em dezembro de 2021, Washington ofereceu uma recompensa de 5 milhões de dólares para informações que levasse a sua captura e de seus irmãos. Ele ocupa um alto cargo na liderança do Cartel de Sinaloa.

Filho da segunda mulher de El Chapo, ele herdou seu poder no cartel do irmão Edgar Guzmán Lopez. Desde 2012, os EUA o incluíram na lista de narcotraficantes internacionais, por desempenhar um papel significado nas atividades do pai - que foi condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos em 2019.

Ovidio é também lidera a fação Los Menores, ligada ao Cartel do Pacífico, gerador de violência em quatro estados e na região noroeste do país.

Transferência para prisão de onde seu pai fugiu

Após a captura, as Forças Armadas transferiram Ovidio para a capital mexicana e o colocaram à disposição do Ministério Público Federal para que se averigue sua situação jurídica. Posteriormente, ele foi transferido para a mesma prisão onde seu pai foi confinado e escapou.

Em uma estratégia de segurança e para não tornar a informação pública, as autoridades mexicanas enviaram primeiro um comboio de oito viaturas que saiu por volta das 17h30 (horário local) da Procuradoria Especializada em Crime Organizado (FEMDO) na capital mexicana e, depois das 18h, um helicóptero decolou do mesmo local.

Ambos tiveram como destino o Centro Federal de Readaptação Social (Cefereso) número 1 Altiplano - também conhecido como prisão de Almoloya -, localizado no Estado do México, onde seu pai esteve detido e de onde fugiu em 2015.

Nos arredores da prisão também foi implantado um dispositivo de segurança com pelo menos uma dezena de viaturas do Exército e da Guarda Nacional.

A nova operação para capturar o filho de "El Chapo" surpreendeu porque ocorreu quatro dias antes da visita do presidente dos Estados Unidos. Nesta quinta-feira, o ministro do Exterior mexicano, Marcelo Ebrard, disse que "não há relação entre a operação policial em si e a cúpula" e negou que tenha havido qualquer tipo de "troca" com o governo dos EUA.

Ebrard também confirmou que existe um pedido de extradição contra Ovidio emitido em 19 de setembro de 2019.

cn/md (Lusa, EFE, AFP, Reuters)

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