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Viúva de Marielle Franco defende cassação de Gabriel Monteiro: "Não há espaço para estupradores na Câmara"

Monteiro é acusado de quebrar de várias formas o decoro parlamentar; processo de cassação é votado nesta quinta-feira, 18, na Câmara do Rio

18 ago 2022 - 20h37
(atualizado às 23h16)
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Monica Benicio defendeu a cassação de Gabriel Monteiro
Monica Benicio defendeu a cassação de Gabriel Monteiro
Foto: Reprodução/TV Câmara

A vereadora Monica Benício (PSOL), viúva da vereadora Marielle Franco, defendeu a cassação do mandato do vereador Gabriel Monteiro (PL). A Câmara do Rio de Janeiro julgou nesta quinta-feira, 18, o pedido de cassação por quebra de decoro, e decidiu pela cassação do mandato do ex-policial.

Na quarta-feira, 17, a comissão de Justiça e Redação da Câmara rejeitou o recurso da defesa de Monteiro contra o relatório do Conselho de Ética que faz o pedido.

O parlamentar é acusado de assédio moral e sexual, estupro e manipulação de vídeos para o YouTube. O parlamentar atribui essas alegações a adversários, supostamente, para "destruí-lo". O vereador também afirma ter contrariado interesses de uma suposta "máfia do reboque".

Em um discurso interrompido reiteradas vezes por apoiadores de Monteiro, Mônica Benício afirmou que não há espaço para "estupradores" na Câmara do Rio de Janeiro e que é vergonhoso para um vereador ter sua imagem associada a acusação de crimes como estupro. Ela frisa também que seria vergonhoso se a Câmara não decidisse por cassar seu mandato, quando o Ministério Público já concluiu que houve cometimento de assédio e importunação sexual. 

"O estupro com registro na 12ª DP é um pano sujo de fundo que poderá levá-lo à prisão, mas esse não é o debate que a Câmara Municipal deve fazer aqui nesse momento. Essa Casa tem por obrigação e por dever fiscalizar e, sobretudo, garantir a dignidade da vida de cada cidadã e cidadão desta cidade. Não cabe misoginia, não cabe machismo, não cabe espaço para estupradores", afirmou Mônica no plenário. 

A vereadora ainda disse que a Câmara tem por obrigação proteger as mulheres e a cidade do Rio de Janeiro do que chamou de "violadores", sem conivência com a violência e com violadores.

"Os misóginos, machistas que odeiam as mulheres, não cabem dentro da Câmara, e sugiro que estejam prontos para serem derrotados diante da sociedade, porque é o esgoto da história dessa cidade que cabe a posição de vocês", afirma. 

Foto: Mais Goiás

Para justificar seu posicionamento, Mônica citou que dados do Brasil indicam a ocorrência de um estupro a cada 10 minutos. Além disso, segundo a Unicef, cerca de  100 crianças e adolescentes de até 14 anos são estuprados por dia. Em média, 14 estupros ocorrem no estado do Rio de Janeiro por dia. 

Sessão passou de oito horas

A sessão começou às 16h e terminou mais de 22h, e teve a maioria esmagadora dos vereadores a favor da cassação do ex-policial militar, como Thais Ferreira (PSOL), presidente da comissão da Criança e do Adolescente da Câmara. Em seu discurso, ela revelou que sofreu violência sexual quando criança, o que justifica seu posicionamento.

Além dela, Felipe Michel (Progressistas) também defendeu a cassação, alegando que, mesmo tendo o vereador acusado como filho, não poderia "passar a mão em sua cabeça", pois uma de duas filhas foi vítima de tentativa de estupro quando entrou na faculdade.

"Tenho duas filhas e uma mulher. Gosto do vereador Gabriel Monteiro, mas essa situação é insustentável. Assim que Gabriel chegou na Câmara, gostei muito pela rede social dele, achei que os holofotes ajudariam a colaborar muito com a gente. Seu trabalho é importante, mas tem que ter sabedoria. Não estamos aqui para passar a mão na cabeça de ninguém. Olho para ele como um filho. Quem nunca errou que atire a primeira pedra, mas se filho errar não posso passar a mão na cabeça. Tudo na vida tem um preço", afirmou Michel.

Ao todo, 48 vereadores foram a favor da cassação de Monteiro, e dois contra - sendo o ex-policial um deles. Somente Carlos Bolsonaro (Republicanos) não votou.

Fonte: Redação Terra
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