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Não colocaria filho meu para pagar vexame, diz Bolsonaro

Em evento na Vila Militar, presidente também disse que quer fazer de Angra 'Cancún brasileira' e criticou mais uma vez dados de desmatamento do Inpe

27 jul 2019 - 15h18
(atualizado às 15h28)
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Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília
16/07/2019 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília 16/07/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O presidente Jair Bolsonaro defendeu a aproximação com os Estados Unidos e a indicação de seu filho Eduardo Bolsonaro, atualmente deputado federal pelo PSL de São Paulo, para ocupar o cargo de embaixador em território americano em evento nesta sábado, 27, na Vila Militar, no Rio de Janeiro.

Bolsonaro alegou que, com o filho na embaixada, teria um contato direto com o presidente americano Donald Trump. "Vocês acham que eu botaria um filho meu no posto de destaque desse pra pagar vexame? Eu quero um contato imediato, rápido, com o presidente norte-americano. Como eu tive dificuldade agora pra tratar a questão do navio iraniano que está aqui no Brasil", justificou.

O presidente disse ainda que as negociações sobre o abastecimento de navios iranianos retidos no Porto de Paranaguá desde junho por falta de combustível é um assunto "reservado".

"Me ajudem a fazer a Baía de Angra uma Cancún brasileira", diz Bolsonaro

Bolsonaro afirmou que está buscando parceiros de outros países para explorar as riquezas naturais brasileiras. "Me ajudem a fazer da Baía de Angra uma Cancún brasileira. Só que eu tenho que derrubar um decreto, acreditem, é por lei. Cancún fatura uns $ 12 bilhões por ano. O que fatura a Baía de Angra? Fatura com o dinheiro que vem de cuscuz, de cocoroca e agua de coco. E o estado (RJ) e o governador (Wilson Witzel) com dificuldade", ironizou. "Vamos fazer da Baía de Angra uma Cancún. Estou trabalhando nesse sentido. Já tem gente de fora do Brasil que a custo zero transforma isso talvez na primeira maravilha do Brasil", completou.

Questionado sobre as questões ambientais que envolvem a região de Angra dos Reis, Bolsonaro respondeu que o assunto vai "preocupar os veganos que só comem vegetais". Ele argumentou que quem quiser cometer um crime ambiental atualmente na baía de Angra poderia fazê-lo tranquilamente à noite, porque "não tem como fiscalizar".

Para Bolsonaro, o Brasil já tem reservas naturais em excesso. Ele criticou as multas do Ibama a quem produz soja em reservas indígenas.

"Pela primeira vez na historia do Brasil na nova república tem um presidente que tratou de igual todos os chefes de estado do G-20. O presidente da França, a senhora (Angela) Merkel, queriam que eu voltasse pra cá demarcando mais 30 reservas indígenas, ampliando reservas ambientais. Isso é um crime", opinou.

Segundo ele, a extensão da reserva indígena ianomâmi tem o dobro do estado do Rio de Janeiro, mas apenas 9 mil índios.

"Raros são os municípios que têm menos de nove mil habitantes. É justo isso? Terra riquíssima. Se junta com a (reserva) Raposa Serra do Sol é um absurdo o que temos de reservas minerais ali. Estou procurando o primeiro mundo para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso a minha aproximação com os Estados Unidos. Por isso eu quero uma pessoa de confiança minha na embaixada dos Estados Unidos", disse o presidente, referindo-se ao próprio filho.

Presidente volta a criticar dados de desmatamento do Inpe: "propaganda negativa"

Bolsonaro voltou a falar que a divulgação de dados sobre desmatamento é propaganda negativa e que "alguns" parecem gostar de fazer "campanha contra a sua pátria".

"Não estou acusando ninguém, mas queria saber qual o amor que une essas pessoas com ONGs internacionais. Não serei irresponsável de fazer uma campanha contra o meu Brasil", ironizou. "Esses dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão atacado recentemente pelo governo por conta da divulgação de dados mostrando aumento no desmatamento), semana que vem vão ter uma surpresa...", disse o presidente, sem dar em detalhes sobre o que será divulgado na próxima quarta-feira.

Na entrevista a jornalistas, Bolsonaro disse que a zona franca de Manaus era importante para o governo, mas que a carga tributária precisava diminuir também no restante do País. Ele criticou ainda alguns gastos públicos e engessamento da destinação do orçamento.

"Realmente o Brasil não afundou porque entra muito dinheiro do povo trabalhador. O ralo da corrupção é enorme", disse.

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Estadão
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