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Voo da Starliner é grande passo para a cápsula espacial da Boeing, mas muitos obstáculos permanecem

10 jun 2024 - 15h21
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A espaçonave Starliner, da Boeing, marcou um feito fundamental na última semana ao entregar dois astronautas à Estação Espacial Internacional, mas problemas encontrados durante a jornada no espaço e outros obstáculos que estão por vir tornam o objetivo da gigante aerospacial de realizar missões de rotina uma perspectiva distante. 

A primeira ancoragem tripulada na Estação Espacial Internacional da cápsula CST-100 da Starliner na última quinta-feira foi uma demonstração de segurança para dois públicos: a Nasa, que quer uma segunda espaçonave norte-americana para viagens à órbita, e o mercado nascente de missões privadas de astronautas, atualmente dominado pela SpaceX, de Elon Musk, e sua cápsula Crew Dragon. 

Mas antes que a Boeing consiga reduzir o controle da SpaceX sobre voos espaciais humanos privados e governamentais, sua Starliner ainda tem vários objetivos de testes para cumprir. 

"É um passo crítico porque, se eles não conseguirem transportar seres humanos ao espaço com sucesso e trazê-los de volta em segurança, então eles não provaram o que precisam para conduzir missões", disse Patricia Sanders, que, até fevereiro, era a presidente de longa data do Painel Consultivo de Segurança Aeroespacial da Nasa.

A tripulação -- os astronautas veteranos e pilotos de testes Butch Wilmore e Sani Williams -- podem voltar à Terra ainda em 14 de junho ou ficar até 45 dias, disseram autoridades da Nasa. 

Durante a jornada de 24 horas da Starliner para chegar à estação especial, que orbita aproximadamente a 386 kms acima, a espaçonave em formato de bala de goma sofreu quatro vazamentos de hélio e cinco propulsores a bordo ficaram inoperantes, atrasando o acoplamento à EEI. 

"A Starliner fez com que trabalhássemos um pouco mais para acoplá-la", disse o chefe de tripulação comercial da Nasa, Steve Stich, em uma entrevista coletiva na noite de quinta-feira. 

Mas as conquistas incluem Wilmore assumindo controle manual e testando a direção, segurança geral da missão e o acoplamento autônomo da nave à estação. Ao longo dos próximos dias, a Starliner buscará mostrar que pode se desacoplar, fazer mais manobras e voltar em segurança à Terra.  

De qualquer maneira, os vazamentos de hélio e as falhas de propulsores são uma preocupação chata, embora não representem perigo para os astronautas, segundo autoridades da Nasa. 

A Boeing encontrou um vazamento de hélio -- usado para aumentar a pressão do propulsores -- pela primeira vez quando a Starliner estava em solo no mês passado. As autoridades da NASA consideraram-no de baixo risco para o voo. Elas disseram que as falhas dos propulsores pareciam similares às que foram encontradas em um teste sem tripulação da Starliner para a EEI em 2022. 

"Nós não entendemos direito por que elas estão acontecendo", afirmou Stich. 

A Boeing havia afirmado que planeja reprojetar válvulas do sistema de propulsão da Starliner após a empresa e a Nasa identificarem uma falha em 2022. A empresa está recebendo 5,5 milhões de dólares da Nasa para estudar a possibilidade de reprojetar as baterias da Starliner, segundo registros de contratos federais. 

Ainda não está claro às autoridades da Nasa se os problemas encontrados durante a primeira missão tripulada da Starliner justificarão um redesign. Nasa e Boeing passarão meses revisando os dados da missão e examinando os problemas do voo para determinar se a Starliner pode ser certificada para voos de rotina.  

"Não é um sucesso até eles retornarem em segurança e até nós entendermos as implicações das anomalias que ocorreram durante a missão", disse Sanders. 

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