Wassef nega ter mudado de versão sobre compra de relógio e se diz vítima de fake news
Advogado, Bolsonaro, Michelle e uma série de aliados do ex-presidente prestam depoimento de forma simultânea na Polícia Civil
Ao chegar à sede da Polícia Federal, em São Paulo, na manhã desta quinta-feira, 31, o advogado Frederick Wassef negou ter mudado de versão sobre a compra de relógio Rolex e se diz vítima de fake news.
Wassef foi convocado pela Polícia Federal para depor sobre o caso das joias sauditas. O depoimento do advogado será realizado de forma simultânea com o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de uma série de aliados de Bolsonaro.
"Estou absolutamente tranquilo, jamais cometi qualquer irregularidades ou algo ilícito. Tenho sido vítima de fake news por parte de alguns jornalistas. Tenho sido perseguido por alguns jornalistas que não tem comprometimento com a verdade", disse Wassef.
Segundo o advogado, ele nunca negou a compra do relógio. "Eu jamais mudei de versão, jamais mudei a minha fala. Eu nunca neguei a compra de relógio. Mentira só falou uma história e ela se mantém até hoje."
Entenda as acusaões contra Wassef
Segundo a investigação da PF, Wassef recomprou, nos Estados Unidos, o relógio da marca Rolex recebido pelo ex-presidente em viagem oficial. O objeto foi vendido pelo tenente-coronel Mauro Cid, braço-direito do ex-chefe do Executivo, e pelo pai dele, general Mauro César Lourena Cid, e recuperado para ser entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Após a operação da PF, Wassef admitiu ter comprado o relógio Rolex em junho do ano passado. No entanto, ele refutou a alegação de que tenha agido a pedido de Jair Bolsonaro ou do ex-ajudante de ordens. “Sim, fui aos Estados Unidos e comprei o Rolex. O motivo de eu ter comprado esse relógio: não foi Jair Messias Bolsonaro que me pediu. Meu cliente Jair Bolsonaro não tem nada a ver com essa conduta, que é minha, e eu assumo a responsabilidade. Eu fui, eu assumo, eu comprei”, afirmou na ocasião.
"A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e eu usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República", completou.
Mas, como mostrou o Estadão, o advogado acumula R$ 66 mil em dívidas, que envolvem condomínio, impostos e multa de trânsito, mas, mesmo nessa situação, conseguiu recomprar o relógio que pode ter custado mais R$ 346 mil, segundo a investigação da PF. Diante dos novos fatos, congressistas da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro afirmaram querer ouvir as explicações de Wassef.
No último dia 16, a PF apreendeu quatro aparelhos celulares do advogado. Ele estava em um restaurante no shopping Morumbi, em São Paulo, quando foi abordado pelos policiais. O carro de Wassef, que estava estacionado em uma vaga reservada para pessoas com deficiência, também foi revistado.