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Weintraub só perde cargo se Bolsonaro quiser, avalia governo

Ex-ministro representará Brasil e oito países que farão votação 'pro-forma', já que o País tem mais de 50% dos votos para a cadeira

24 jun 2020 - 21h02
(atualizado às 21h09)
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Mesmo sob a forte oposição de funcionários do Banco Mundial e de intelectuais brasileiros, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub só deve deixar de assumir o cargo de diretor-executivo no organismo internacional caso o presidente Jair Bolsonaro mude de ideia. A avaliação de integrantes do órgão e do próprio governo é que, apesar de as manifestações contrárias arranharem a imagem do Brasil, tecnicamente não geram impedimentos para que o ex-ministro seja nomeado.

Segundo o Estadão/Broadcast apurou, o governo não tem a intenção de retirar a indicação de Weintraub. A avaliação é de que essa resistência era esperada, por se tratar de um "personagem polêmico", mas que as reclamações fazem parte do jogo.

Jair Bolsonaro ao lado do agora ex-ministro da Educação Abraham Weintraub
Jair Bolsonaro ao lado do agora ex-ministro da Educação Abraham Weintraub
Foto: Reprodução

A Associação de Funcionários do Banco Mundial enviou uma carta nesta quarta-feira, 24, ao Comitê de Ética da instituição, pedindo uma investigação sobre o ex-ministro da Educação. O grupo, que representa os funcionários do organismo internacional, requer que a nomeação do brasileiro fique suspensa até a conclusão da investigação. Na semana passada, 270 personalidades brasileiras, entre economistas, políticos e artistas, também assinaram uma carta contra a nomeação do ex-ministro.

Uma fonte ressaltou que a carta desta quarta-feira se trata de uma manifestação dos funcionários, e não dos acionistas do banco. Na prática, a oposição pública não partiu de nenhum dos membros do organismo e não deve ter efeitos na decisão. Além disso, a avaliação é que o comitê de ética não faz "avaliação prévia" dos integrantes da diretoria, mas sim o monitoramento da atuação do indicado enquanto diretor.

Para um ex-integrante do Banco Mundial, as manifestações contrárias ao nome escolhido pelo Brasil não impedem a entrada do ex-ministro, mas vão "atrapalhar sua vida" na instituição. Diante das manifestações, o comitê ético pode vigiar a atuação de Weintraub. Se ele "sair da linha" e, por exemplo, fizer publicações polêmicas em redes sociais, o governo brasileiro pode ser comunicado de que o representante não está atuando de acordo com as normas éticas e, no limite, pode ser convidado a se retirar.

No cargo para o qual o ex-ministro foi indicado, Weintraub atuará como um representante dos "acionistas" em um conselho de administração de um banco. Ele representa o Brasil e mais oito países, e não é funcionário do Banco Mundial. Os demais países fazem uma votação, mas geralmente é "pro-forma", já que o Brasil tem mais do que 50% do capital votante da cadeira. Por isso mesmo, apesar de, como diretor-executivo, Weintraub ter que seguir um código de conduta, sua indicação depende exclusivamente dos acionistas e não passa pelo crivo do banco ou dos outros integrantes - o Banco Mundial tem 187 países membros. A palavra final, portanto, acaba sendo mesmo do governo brasileiro.

Estadão
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