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Wellington Dias diz que Lula pediu que o PT não dispute as Presidências da Câmara e do Senado

Segundo o ex-governador do Piauí, medida 'ajuda no diálogo' com o Congresso; presidente eleito tem articulado a formação de uma base aliada

15 nov 2022 - 09h45
(atualizado às 12h22)
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Wellington Dias diz que Lula pediu que o PT não dispute as Presidências da Câmara e do Senado
Wellington Dias diz que Lula pediu que o PT não dispute as Presidências da Câmara e do Senado
Foto: Divulgação / Estadão

BRASÍLIA - O senador eleito Wellington Dias (PT-PI) afirmou na noite de segunda-feira, 14, que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pediu para o PT não apresentar candidaturas às Presidências da Câmara e do Senado no ano que vem. O petista, que vai assumir o Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2023, e seus aliados têm articulado para a formação de uma base aliada no Congresso. Lula passou, até mesmo, a fazer acenos ao atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com quem trocou farpas antes da campanha eleitoral.

"O presidente Lula já pediu que o Partido dos Trabalhadores discuta uma posição de não apresentar candidaturas às Presidências da Câmara e do Senado. Isso é uma medida que pode parecer simplória, mas não é. Ela facilita, ajuda no diálogo", declarou Dias, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

"Nós temos um presidente do Partido dos Trabalhadores, um vice do Partido Socialista Brasileiro. Então, se você tem na Presidência de uma Casa um outro partido, na outra Casa um outro partido, são líderes que dividem responsabilidade. A democracia é isso, é você ter uma partilha, não só no desafio da eleição, mas também depois dividir responsabilidade", emendou o senador eleito e ex-governador do Piauí.

A força de Lira no Congresso vem do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão no ano passado por meio do qual o governo Bolsonaro destinou emendas a aliados, sem transparência, em troca de apoio no Congresso. O fluxo de recursos é controlado por Lira, e parlamentares dizem que o presidente da Câmara costuma cumprir as promessas que faz.

Por isso, o PT teme enfrentar o deputado do PP na eleição para o comando da Câmara e perder a disputa, o que poderia levar a uma situação parecida com a enfrentada pela ex-presidente Dilma Rousseff. A petista tentou impedir a ascensão de Eduardo Cunha à Presidência da Casa, mas não obteve sucesso, o que pavimentou o caminho para seu impeachment.

Dias também afirmou que Lula vai dar transparência a todo o Orçamento, o que incluiria as emendas de relator-geral, base do orçamento secreto. O ex-governador do Piauí disse que a tendência é o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar o orçamento secreto inconstitucional.

"O presidente mantém a posição dele. O que ele coloca e todo mundo acompanha: tem um julgamento que pode acontecer a qualquer momento no Supremo, que questiona a constitucionalidade do orçamento (secreto). O que o presidente disse publicamente e nas visitas que fez (em Brasília): é um problema político, é importante que o próprio Congresso, Câmara e Senado, encontrem uma solução", declarou Dias.

Durante a campanha eleitoral, Lula prometeu acabar com o orçamento secreto e chegou a criticar Lira pelo controle do esquema. Na semana passada, contudo, o petista passou a fazer gestos de aproximação com o presidente da Câmara, que foi a primeira autoridade do País a se pronunciar e reconhecer o resultado do segundo turno, em que Lula derrotou Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto.

Estadão
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