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Zé Trovão: quem é o caminhoneiro bolsonarista foragido da Justiça

Marcos Antônio Pereira Gomes ganhou popularidade após convocar, em julho, apoiadores do presidente para protestos contra o STF; até então era 'desconhecido' por lideranças da categoria

9 set 2021 - 20h20
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"Não conhecia" é a frase mais comum ouvida entre caminhoneiros e lideranças de federações e sindicatos nacionais da classe sobre o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o "Zé Trovão", considerado foragido da Justiça e uma das lideranças que mobilizaram bolsonaristas a participarem dos atos de 7 de Setembro.

Foi nas redes sociais que Zé Trovão ganhou popularidade entre apoiadores, por volta de julho, quando começou a convocar apoiadores do presidente para protestar contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e pedir a aprovação do voto impresso pela Câmara dos Deputados, pauta derrubada na Casa. Em agosto, tornou-se alvo de Alexandre de Moraes no inquérito dos atos antidemocráticos e foi proibido de estar num raio de um quilômetro da Praça dos Três Poderes, dos ministros do STF e dos senadores.

O caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão.
O caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão.
Foto: YouTube/Reprodução / Estadão

O caminhoneiro começou a publicar vídeos no YouTube há seis meses, no canal "Zé Trovão a voz das estradas", indisponível no Brasil devido a um mandado de Justiça do mês de agosto. Na página, os primeiros vídeos já são politicamente inflamados e com poucas visualizações.

A primeira convocação foi feita para o dia 1º de maio, em que pede por uma mobilização nacional. "Nós estaremos dando o apoio ao nosso presidente, dizendo a ele: 'presidente Jair Messias Bolsonaro, nós brasileiros autorizamos o senhor a agir imediatamente. Faça a tão sonhada faxina", diz. O vídeo tem cerca de 100 visualizações.

Em outros vídeos, faz ataques a lideranças de grupos de caminhoneiros, como a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). O vídeo tem 69 visualizações. Procurada, a CNTA disse não conhecer Zé Trovão.

O caminhoneiro é descrito no meio como "um agitador de movimento". Segundo apurou o Estadão, há um clima de receio entre os próprios caminhoneiros sobre os atos de 7 de Setembro.

Os vídeos de Zé Trovão, antes feitos na boleia de um caminhão - em que é possível ver uma bandeira do Brasil ao fundo e em que ele até divulgava um número do WhatsApp - subitamente ganharam melhorias estéticas e começaram a ser feitos em outros lugares. As visualizações passaram das centenas para os milhares - e para as dezenas de milhares, em alguns casos, quando começou a convocação para um ato marcado para o dia 7 de setembro.

A convocação já começou nos primeiros dias de julho. "O principal do projeto é a exoneração dos 11 ministros do STF, o julgamento dos crimes dos mesmos e o voto impresso com a contagem pública", diz Zé Trovão, em vídeo do dia 15 de julho. "Vamos levar isso a Brasília, com um grande acampamento, que estamos estimando chegar em 10 milhões de pessoas acampadas. Esse acampamento vai acontecer de que maneira? Vamos ter cozinhas comunitárias para que todos se alimentem."

Ainda neste mesmo vídeo, Zé Trovão pede bom senso aos manifestantes. "Pessoal, já quero deixar claro para vocês uma coisa: não é um passeio no parque. Vamos ter a simplicidade de tudo até mesmo para que o custo não fique tão alto. Porque quem vai nos ajudar é o agronegócio, os empresários. Esses homens nos ajudarão financeiramente, então precisamos ter um pouco de consciência". Ele termina a convocação afirmando que o Brasil está em um "estado de guerra". "São os brasileiros guerreando contra os abutres sujos que ocupam as cadeiras do STF e guerrilhando contra o Congresso que ainda não aprovou o voto impresso com contagem pública. Isso é inegociável", conclui.

Desde então, Zé Trovão já apareceu ao lado de deputados como Carla Zambelli (PSL-SP) e Nelson Barbudo (PSL-MT).

Sem produzir vídeos no YouTube há duas semanas, Zé Trovão migrou para o Telegram, num canal com pouco mais de 20 mil seguidores. Lá, divulga os vídeos pedindo para que os caminhoneiros mantenham os protestos. Na madrugada desta quinta-feira, ele pediu para que eles seguissem com o fechamento das ruas mesmo após o presidente pedir para que eles recuassem.

"Presidente, o povo precisa do senhor. Estivemos na rua em maio, no dia 1º de maio, 15 maio, 1º de agosto. O senhor é nossa última salvação, porque estamos do lado do senhor. Vamos trancar todo o Brasil porque estamos do lado do senhor", argumentou, em vídeo publicado minutos após o áudio de Bolsonaro.

Encontrado pela Polícia Federal no México, o caminhoneiro publicou dezenas de vídeos entre a manhã e tarde desta quinta-feira sobre a sua atual situação. No começo, afirmou que se entregaria, mas logo voltou atrás. "Estou mais uma vez fugindo. Não vou me entregar", disse.

Ele ainda insiste em chamar caminhoneiros para protestar, mas pede para que não apoiem Bolsonaro em atos. "As paralisações precisam ter faixas com a cara de Alexandre de Moraes, pedindo o impeachment dele. Tirem as faixas que pedem apoio a Bolsonaro, pelo amor de Deus".

Poucos instantes depois da publicação deste vídeo, o caminhoneiro aparece em vídeo ao lado do blogueiro Oswaldo Eustáquio - que teve a prisão decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes pela quarta vez - na Cidade do México. O motivo foi a realização de uma live com Zé Trovão.

Na tarde desta quinta-feira, deputados do PSL disseram que iriam protocolar um possível habeas corpus para Zé Trovão. "A liberdade de expressão é um dos mais valiosos direitos fundamentais previstos em nossa CF e precisa ser defendido por cada um de nós a todo momento e a todo custo. Vamos vencer juntos!!", escreveu no Twitter o líder do partido na Câmara, Major Vitor Hugo (GO).

Estadão
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